Como financiar a universidade dos filhos?
Minha esposa e eu temos 30 anos, ainda não temos muito dinheiro guardado e acabamos de ter um filho. Como queremos que ele tenha uma boa formação, estamos pensando em já começar a poupar para a quando ele for para a Universidade. Essa é uma decisão recomendável?
Helio Fugagnoli Neto, CFP®, responde:
Caro Leitor,
Como planejador financeiro e também pai, posso afirmar que essa é uma preocupação recorrente para quem tem filhos e/ou outros menores sobre sua responsabilidade. Entretanto, segundo um colega CFP®, Fabiano Calil, devemos sempre lembrar da mensagem de instrução à bordo de um avião: “em caso de despressurização as máscaras de oxigênio cairão automaticamente. Caso esteja acompanhado de alguém que necessite de sua ajuda, coloque sua máscara primeiro para em seguida ajudá-lo.” Explico.
Nunca recomendamos para nossos clientes que façam reservas financeiras para seus dependentes econômicos, antes de terem a sua própria reserva constituída.
É sempre muito importante poupar para sonhos futuros, tais como: casamento, escola dos filhos, compra de um carro, viagem, reforma da casa própria, aposentadoria etc. Porém, não podemos nos esquecer de antes constituir uma reserva para gastos inesperados, tais como: uma batida no carro, reposição de um eletrodoméstico, e até mesmo a perda de emprego ou renda de um negócio próprio etc.
Para a reserva de liquidez, considero adequado manter pelo menos dez vezes a renda mensal, para aqueles que já passaram dos 30 anos, em uma aplicação com liquidez diária, como um fundo DI com taxa de administração inferior a 1% ao ano; Tesouro Selic; e CDB com liquidez diária, pagando pelo menos 98% do CDI. A caderneta de poupança tem liquidez mensal e rende praticamente 40% menos que os investimentos citados.
Isto posto, é interessante você poupar uma parte da sua renda com o intuito de minimizar os custos com a universidade de seu filho, obtendo o valor que espera gastar com este advento e dividindo-o pelos meses que ainda faltam para o seu filho chegar a universidade. Este valor poderá ser investido mensalmente, dentre outros investimentos, em Tesouro IPCA com vencimento próximo ao ano em que seu filho entrará na universidade. O Tesouro IPCA vai garantir o poder de compra da moeda e ainda acrescentará juros à reserva, o que facilitará o cumprimento de sua meta.
Vale esclarecer que o plano de um filho cursar uma universidade é um desejo dos pais, que pode ou não ser comum à vontade dos filhos. Por isso, a reserva deve estar no nome dos pais. Se o dependente optar por um curso de uma faculdade privada, a reserva poderá ajudar os pais no valor das mensalidades.
Se o filho passar em uma universidade pública, o provedor poderá escolher por permanecer com a reserva, e utilizá-la por exemplo para ajudá-lo no início da carreira, na montagem de um consultório ou escritório, e/ou na realização de um curso e/ou especialização. E se ainda o filho não precisou da ajuda financeira dos pais, os pais poderão usar o valor guardado em seu próprio proveito.
É importante acrescentar a necessidade de se manter um seguro de vida. Entre as opções de seguros disponíveis no mercado, o resgatável pode ser uma boa opção enquanto se forma a reserva, pois em caso de uma fatalidade a reserva para a universidade poderá não ser atingida a contento.
Por outro lado, no caso de não haver sinistro, parte do custo com o seguro poderá ser resgatado (no caso de seguro de vida resgatável), atualizado pelo IPCA mais juros.
Espero sinceramente ter ajudado. Uma conversa com um bom planejador financeiro pode auxiliá-lo melhor nas suas escolhas.
Helio Fugagnoli Neto é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]
As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected].
Texto publicado no jornal Valor Econômico em 06 de março de 2017