Consultório Financeiro

Como investir para assegurar o futuro da minha família?

Tenho 65 anos e estou me aposentando com uma boa reserva financeira. Não precisarei desses recursos no meu dia a dia, pois os valores que receberei da minha aposentadoria cobrem meus custos mensais. Qual seria a melhor forma de investimento, pensando principalmente em assegurar o futuro da minha família? (C.P.)

Camila Zago Vianna, CFP®:

Essa pergunta está diretamente ligada a um tema cada vez mais abordado por investidores com seu perfil de investimento, o planejamento sucessório familiar. Pode parecer precoce pensar em sucessão aos 65 anos, mas com um bom planejamento é possível manter os recursos em seu nome, ter boa rentabilidade e respaldar sua família no caso de sua falta.

Nas empresas familiares, o planejamento sucessório é utilizado como uma ferramenta para assegurar a continuidade da empresa por mais uma geração, pois não são raros os casos de empresas que têm suas atividades encerradas por estarem envolvidas em discussões judiciais ou mesmo disputas por controle societário. Esse processo de planejamento é tão importante quanto à elaboração de um plano de negócios antes da abertura de uma empresa.

No âmbito familiar, o planejamento sucessório tem se tornado cada vez mais utilizado, pois com ele é possível planejar a distribuição dos bens em vida, optando muitas vezes por uma discussão conjunta com os herdeiros, o que traz dois benefícios imediatos – economia de custos tributários e redução de desgastes nos relacionamentos entre cônjuges, filhos e parentes.

O planejamento sucessório nada mais é do que a constituição de uma importante ferramenta jurídica que intercala ramos distintos do direito (sucessório, societário, tributário, civil, entre outros), com objetivo de criar uma solução de acordo com as necessidades de cada indivíduo e ser implementado com base nelas. No seu caso, por não ter informações sobre demais bens de seu patrimônio, me concentrarei nos recursos financeiros mencionados em sua pergunta.

Como explanado, não será necessária a utilização dos recursos no curto prazo, mas devemos sempre contar com imprevistos, mantendo boa parte dos recursos com liquidez ou em investimentos de curto e médio prazos. O restante pode-se investir em produtos que geram mais benefícios quando investidos em longo prazo.

Um desses produtos e que cabe no seu processo de planejamento sucessório é o plano de previdência privada modalidade VGBL – Vida Gerador de Benefício Livre -, que possui algumas vantagens tributárias em relação aos demais fundos de investimentos. A principal delas é que por serem regulamentados pela legislação de seguro de pessoas, os recursos investidos não entram em inventário, conforme disposto no Código Civil.

Assim, o VGBL também pode assumir, na prática, o papel de testamento. No ato da sua contratação os beneficiários são escolhidos e, em caso de falecimento, os mesmos receberão os recursos na proporção escolhida pelo titular do plano. Mas se o valor aportado no VGBL representar parte expressiva do seu patrimônio total recomendo respeitar a legítima.

Economicamente, essa opção propicia redução de pelo menos 10% dos custos gerados por um inventário judicial, no qual são gastos, entre outros, de 4% a 8% -dependendo do Estado – em ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações de quaisquer bens ou direitos), cerca de 1% em custas judiciais, além dos honorários advocatícios (percentual calculado sobre o total de bens, a ser combinado, geralmente de 5% a 15%). Outra vantagem é que não há incidência de imposto de renda durante o investimento, só em caso de resgate (não há come-cotas), diferentemente dos demais fundos de investimentos.

Por se tratar de um investimento de longo prazo a escolha de um bom plano é fundamental. Procure buscar os produtos com menores taxas de administração e de carregamento e que tenham um bom histórico de rentabilidade.

Camila Zago Vianna é Planejadora Financeira Pessoal e possui a Certificação CFP® (Certified Financial Planner) concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para : [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 14 de novembro de 2011.

0