Como lidar com a inflação e me organizar para investir?
Controle do orçamento é primeiro passo para buscar meios de preservar seu poder de compra
Diego Gulla CFP®, responde:
Caro leitor,
Muitos brasileiros entendem perfeitamente sua situação e, de alguma maneira, estão passando por algo parecido. Vários fatores estão por trás desta conjuntura inflacionária que se agravou desde o início da pandemia do coronavírus, porém não cabe aqui discorrer sobre esses fatores nem sobre o porquê de os preços estarem tão altos, e sim tentar ajudar você a contornar esse problema!
Existem alguns “vilões” do aumento generalizado de preços no país, conhecido como inflação. Entre eles, os principais são os alimentos – notadamente as carnes e os queridinhos arroz e feijão –, a energia elétrica e os combustíveis – que encarecem tudo em cadeia, já que quase 60% do transporte de cargas no Brasil é rodoviário.
Entender esses principais “vilões” é o primeiro passo para proteger seu dinheiro e conseguir poupar e investir alguma coisa todos os meses. Começando pela estratégia das substituições. Alguns itens são indispensáveis, como o gás de cozinha e, para muitos, o arroz e feijão de cada dia, mas outros produtos podem ser substituídos para reduzir custos.
Uma tarefa que ajuda bastante a economizar é acompanhar as divulgações de inflação e tentar mudar um pouco o cardápio de acordo com os alimentos menos atingidos por ela. Também vale a pena pesquisar preços em vários lugares, aproveitar ofertas e caçar promoções. Certamente comprar tudo no mesmo lugar é mais conveniente, mas, na maioria das vezes, sai mais caro! Normalmente é possível economizar bastante fazendo compras em dois ou três atacados diferentes.
Além disso, rever seus hábitos de consumo é essencial e algumas pequenas atitudes podem fazer a diferença: comece analisando os serviços por assinatura, verificando o que é realmente necessário. Busque alternativas de transporte para usar menos o carro e tente renegociar alguns contratos como aluguel, escola, seguros etc. Economizar energia elétrica, mantendo os equipamentos fora da tomada, apagando as luzes e tomando banhos mais curtos, é outro ponto a ser considerado!
Um tópico relevante – com o qual você já se preocupa, ao que parece – é o controle do seu orçamento. Vale a pena dar ainda mais atenção à fiscalização dos seus gastos e entender exatamente para onde seu dinheiro está indo! Anote todas as suas despesas em um caderno ou planilha, por menor que sejam!
Por último e, com certeza, não menos importante, invista seu dinheiro! Quando conseguir qualquer sobra de caixa, é fundamental investir bem e preservar o poder de compra do dinheiro. Nesse sentido, pesquise sobre os papéis e títulos atrelados à inflação. Atualmente existem opções muito interessantes que garantem rendimento igual à variação do IPCA (índice oficial de inflação do Brasil) mais uma taxa prefixada de juros, com alternativas de aporte inicial a partir de R$ 30,00, como é o caso do Tesouro IPCA. Lembrando que, quando você investe em um título do Tesouro, você está emprestando dinheiro diretamente para o governo, o que faz esse tipo de investimento ser bem seguro.
Claro que é necessário entender os prazos e objetivos antes de qualquer investimento, mas, no Tesouro Direto, existem opções para diversos perfis de risco e horizontes de tempo.
Diego Gulla é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]
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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 7 de Novembro de 2022.