Como montar um plano financeiro
Estou um pouco perdido em traçar um efetivo plano financeiro para os meus objetivos (aposentadoria, bens de consumo, casa, viagem, filhos, reformas etc). A principal dificuldade está na alocação dos ativos para cada objetivo e em estabelecer um desvio padrão, além de administrar a carteira/patrimônio com um mínimo de regularidade. Preciso montar uma carteira e conseguir controlá-la. Fico em dúvida quando há ingresso de renda extra. Enfim, preciso de um planejador financeiro pessoal, mas tenho dificuldades em definir como contratar.
Oswaldo Sena, CFP®, responde:
É bastante comum ouvir dúvidas como as suas. Acredito que o pequeno roteiro descrito a seguir possa ajudá-lo a avançar em seu plano financeiro.
Faça um levantamento dos gastos atuais necessários para a sua vida cotidiana. Lembre-se de que as despesas não são iguais em todos os meses, por isso faça uma previsão média baseada em um ano inteiro. Faça o mesmo levantamento para todas as suas receitas.
Depois disso, estabeleça os seus objetivos de curto, médio e longo prazo (por exemplo: carro, viagem, casa própria, educação no exterior, aposentadoria etc).
A alocação à qual você se refere vai depender inicialmente do quanto você gasta, pois apenas o excedente é que será direcionado para acumular recursos para cada um dos seus objetivos. Se não houver excedente ou ainda faltar dinheiro, você precisará reavaliar o seu modo de vida.
Se conseguir pagar todas as despesas normais usando até 70% da renda líquida, estará numa situação confortável para atingir todos os seus objetivos, porque poderá direcionar todos os meses os 30% restantes para investimentos com vistas à acumulação necessária para a execução dos objetivos.
Assim, você pode começar alocando 10% para os objetivos de curto prazo, 10% para os de médio e 10% para os de longo prazo. À medida que atingir os primeiros, poderá aumentar a parcela para os objetivos de médio e longo prazos.
Para ter sucesso, será fundamental que você mantenha sempre uma boa administração dos gastos. Também fique atento para manter sempre uma reserva de segurança (equivalente a seis meses dos gastos mensais) e para que os investimentos escolhidos para os recursos de cada objetivo estejam sempre alinhados com os prazos desses objetivos.
Quanto ao monitoramento de seu portfólio, não é preciso se preocupar em verificar com muita frequência. Se o seu portfólio for corretamente dimensionado, verifique trimestralmente. Fazer isso, juntamente com um possível rebalanceamento, é tudo o que você precisa (o rebalanceamento ainda pode ser semestral ou anual). Checar frequentemente apenas aumenta a ansiedade.
Um planejador financeiro será de grande valia para auxiliá-lo no processo de montagem de um portfólio diversificado, equilibrado e que esteja de acordo com o seu perfil. Além disso, ele poderá ajudar a tirar todas as dúvidas que você possa ter, mesmo em outros assuntos que podem afetar a sua vida financeira. Também é fácil para um planejador financeiro trazer especialistas para esclarecer assuntos mais complexos.
Não se preocupe em definir como contratar um planejador. O melhor é você selecionar um planejador financeiro qualificado e entrar em contato. É relativamente comum haver uma reunião inicial para conhecimento mútuo, discussão e definição do trabalho a ser feito, assim como a forma da prestação do serviço e remuneração. Na maioria dos casos, essa reunião ocorre sem custo.
Boa sorte!
Oswaldo Sena é planejador financeiro pessoal, e possui a certificação CFP (Certified Financial Planner) concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. Email: [email protected]
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Texto publicado no jornal Valor Econômico 13 de agosto de 2013