Como montar uma carteira de investimentos?

Rafael Posser, CFP®, responde:

A alocação de recursos ou montagem de uma carteira de investimentos é um dos principais pontos do planejamento financeiro e pode ser fator determinante para que ele seja bem-sucedido.  

Assim que começa a investir, você também se sensibiliza sobre a importância de ir além da reserva financeira e entende que planejar a alocação dos seus recursos requer algo a mais, ou seja, buscar que os valores investidos tenham retornos diferentes para alcançar objetivos distintos.   

Para distinguir o que pode funcionar para você, é essencial responder ao questionário de análise de perfil de investidor (suitability). Ele apresentará um diagnóstico inicial em relação ao seu nível de tolerância ao risco.

Se você já tem recursos aplicados, veja como eles estão distribuídos. Pergunte-se, por exemplo: estão em apenas um ativo? Esses valores estão rendendo de acordo com algum indicador (inflação, CDI, IBOVESPA, etc)? Qual o valor necessário para algum imprevisto? O que eu não preciso usar nos próximos meses? O que estou reservando para a aposentadoria?

Ponderada a sua sensibilidade aos diversos níveis de oscilação dos investimentos e onde eles estão alocados atualmente, muitas dessas perguntas serão respondidas com a busca de ativos com níveis variados de segurança, liquidez e rentabilidade. Essa diversificação mostra-se muito relevante para a mitigação de riscos e a definição dos seus objetivos de curto, médio e longo prazo.

Logo, a primeira definição é a sua reserva de emergência. Seja disciplinado quando montar a sua, pois ela é importante para lidar com os imprevistos e, mais do que isso, pode servir para evitar que você seja pego sem recursos disponíveis e precise de endividamento desnecessário. Por exemplo, investimentos em CDB com liquidez diária e Tesouro SELIC podem te fornecer um retorno adequado com a liquidez para atender uma demanda que não estava prevista.

Comece gradualmente e conforme o seu perfil de tolerância ao risco atual, que poderá se modificar. Isso tende a acontecer conforme você adquire mais experiência e conhecimento. Em seguida, você poderá ir além.

Para o perfil mais conservador, alocar em títulos de renda fixa com vencimentos mais elevados pode trazer um retorno maior, com uma certa previsibilidade. Para quem tem um perfil moderado, fundos de investimentos com diversas classes de ativos, como os multimercados; uma parte em moedas estrangeiras, para férias no exterior; ou até mesmo se tornar sócio de empresas de capital aberto, comprando ações. Aos mais arrojados, alocar a maioria dos recursos em ativos de renda variável, ETF de criptoativos ou ações no exterior pode trazer retornos acima da média.

Ao progredir, buscar informações de qualidade em instituições como CVM, B3, ANBIMA e Banco Central do Brasil é essencial. Além dessas, atualmente a Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro) possui diversos cursos gratuitos que podem auxiliar você a investir melhor. Mesmo para profissionais de mercado, alocar recursos não é uma tarefa simples. Exige conhecimento e acompanhamento. Os profissionais com certificado CFP, por exemplo, podem te apoiar nessa jornada.  

A melhor carteira é aquela que acompanha os seus objetivos. Você entende o que está acontecendo em um processo dinâmico e cíclico que se modifica no tempo e na maturidade do investidor, trazendo crescimento, melhoria da rentabilidade e mais tranquilidade financeira.

Rafael Posser Martins é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 02 de dezembro 2024