Como negociar e pagar menos nas taxas bancárias?
Rafael Pires, CFP®, responde:
Primeiramente, antes da etapa de negociação dessas cobranças é preciso informar a diferença entre taxas e tarifas. Enquanto a primeira refere-se ao custo de emprestar dinheiro, a segunda ocorre por meio da contraprestação de serviços utilizados, podendo a cobrança ser voluntária. Entretanto, independente da forma de contratação destes serviços, ela sempre deverá atender suas necessidades básicas com as melhores condições de mercado.
E se a sua necessidade for encontrar a melhor taxa de juros para empréstimo, não se limite apenas ao seu banco, onde é correntista, procure por oportunidades existentes no mercado. Por exemplo, as financeiras oferecem algumas linhas de crédito sem a obrigatoriedade da abertura tradicional de conta corrente. Os pagamentos são realizados por meio de boletos ou carnês. Mas não se deixe enganar pela facilidade! O crédito costuma ser liberado na mesma hora, mas é importante pesquisar a taxa de juros em outros locais para escolher a menor dívida ou a que se adeque a sua capacidade financeira. Lembre-se que a taxa de juros é uma remuneração cobrada pelo dinheiro emprestado e deverá ser honrada independente dos imprevistos futuros.
Uma sugestão importante é não firmar nenhum contrato de empréstimo dentro de uma agência bancária no momento da pesquisa. Colete todas as taxas e condições oferecidas pelas instituições financeiras e decida em casa junto com a família. Ou peça ajuda do seu planejador financeiro, a opção que melhor atenda sua situação atual, evitando assim, as “entrelinhas do contrato” lido às pressas que poderão causar problemas futuros. Lembre-se que decisões financeiras devem ser tomadas calmamente sem pressão externa observando todas as cláusulas contratuais e de acordo com sua capacidade financeira.
Recomendo, também, em não obter empréstimos via Home Banking. A contratação, no conforto de sua residência, gera uma taxa mais cara. Visite seu gerente toda vez que precisar e negocie, já que seu contrato garante esse atendimento.
Falando agora sobre tarifas, é bem provável que você já tenha ouvido das cobradas mensalmente pelos bancos apelidadas de “tarifa de manutenção de conta corrente”. Na verdade, ela não existe como “manutenção” e sim como cobrança de serviços disponíveis em sua conta corrente que compreendem operações de saques, retiradas de extratos e saldos, transferências eletrônicas como TED (Transferência Eletrônica Disponível) e DOC (Documento de Ordem de Crédito), folhas de talão de cheques entre outros.
Entretanto, poucos sabem que os serviços básicos não podem ser cobrados dos cidadãos brasileiros que têm direito a possuir uma conta corrente livre de tarifas. Quem garante é o Banco Central através da resolução nº 3.919/2010 em seu artigo 2º que veda às instituições bancárias de cobrar tarifas, pela prestação de serviços essenciais, das pessoas físicas. De acordo com a resolução, são essenciais os serviços que possuem um número limitado de transações mensais como: um extrato anual, dois mensais com a movimentação dos últimos trinta dias, duas transferências entre contas do mesmo Banco, quatro saques, dez folhas de cheques, fornecimento de cartão de débito (com direito a segunda via em alguns casos), compensação de cheques e consultas ilimitadas pelo Internet Banking.
Mas, caso ultrapasse esse limite, o banco poderá cobrar à parte relativo a cada serviço utilizado e de acordo com a tabela de tarifas amplamente divulgado nas agências ou pelos sites dos bancos, por isso fique atento aos seus direitos e ao contrato onde constará todos os serviços contemplados. Reveja, em conjunto com seu gerente, se suas necessidades estão sendo atendidas pelo pacote atual. Caso contrário negocie um desconto ou procure outra instituição financeira.
Nunca deixe de procurar alternativas que se adequam ao seu bolso. Com a concorrência mais acirrada, as tarifas extra essenciais tendem a diminuir de valor, ainda mais com a entrada dos bancos digitais que já oferecem pacotes especiais ilimitados e muitas vezes gratuitos quando executados exclusivamente por canais eletrônicos. A única desvantagem do banco digital é não possuir agências físicas como muitos estão acostumados. Porém, não deixe de experimentar!
Mas, só adquira a opção gratuita se o pacote de serviços se adequar a sua necessidade. Caso contrário, arcará com despesas fora do pacote contratado. Procure, também, manter apenas uma conta corrente, pois fica mais fácil de administrá-la.
Não esqueça que negociar não significa apenas a intenção de diminuir custos de serviços, mas sobretudo fazê-lo se adequar às necessidades diárias cuja compensação será a plena utilização com ótimo custo/benefício.
Rafael Pires é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]
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Texto publicado no site Época Negócios em 12 de setembro de 2017