Consultório Financeiro

Como optar entre fazer consórcio ou financiar carro?


Escolha deve levar em conta a necessidade e os objetivos de cada pessoa

Felipe Alves, CFP® responde:

A resposta a esta pergunta pode variar de acordo com a necessidade e os objetivos de cada pessoa.

No financiamento, você escolhe o bem que deseja adquirir, tem acesso e ele de forma imediata, e sabe o quanto vai pagar da primeira até a última parcela com a possibilidade de conseguir descontos se pagar antecipadamente.

Há a cobrança de taxa de juros e incidência do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) que é de 0,38% sobre o valor total financiado e de 0,0082% ao dia sobre o saldo que está em aberto. Em alguns casos, há a cobrança de taxas para a abertura de crédito.

Já no caso do consórcio, embora as parcelas sejam inicialmente menores, você entra em um grupo. A cada mês, há um sorteio e você precisa esperar ser sorteado em assembleia para ter acesso ao bem, a menos que você ofereça um lance de pagamento maior que todos os outros. Neste caso, você poderá ter acesso ao bem de maneira antecipada.

As parcelas são reajustadas anualmente de acordo com o índice escolhido pela administradora, a exemplo do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ou do INCC (Índice Nacional do Custo de Construção) que é mais utilizado em cartas de imóveis.

Embora o consórcio não tenha juros, possui a taxa de administração que é diluída no número de parcelas da carta. Esta cobrança tem o objetivo de remunerar a administradora do consórcio.

Há ainda a incidência do fundo reserva que é de 5% sobre o valor da carta e serve para compensar eventuais inadimplências que venham a ocorrer no grupo. Ao final do plano, caso este fundo não tenha sido utilizado para os devidos fins, é devolvido ao titular do consórcio.

Caso o proponente não tenha urgência de acesso ao bem no momento da aquisição da carta de consórcio – ou já tenha um veículo e queira planejar uma troca futura – essa modalidade pode ser uma alternativa interessante. Isso porque, mesmo se ele for contemplado antes do momento planejado para a troca do bem, não precisa necessariamente adquiri-lo na ocasião e pode ficar com a carta contemplada para a troca no momento incialmente planejado.

Mas, se há a necessidade de acesso imediato ao bem por algum motivo, seja qual for, o financiamento é a melhor alternativa e evita frustações futuras com o consórcio.

Até a quitação, seja do financiamento ou da carta do consórcio, o bem fica alienado à instituição. A retirada desta restrição se dará somente após a liquidação total do débito.

Nos dois casos, além do proponente passar por análise de crédito, o bem a ser adquirido também passa por análise e pode ou não ser aprovado pela instituição financeira e pela administradora do consórcio.

No caso do consórcio, muitas administradoras fazem a análise de crédito somente após a contemplação. Ou seja, você pode pagar o consórcio por um longo período, ser contemplado, e não conseguir ter acesso ao bem em decorrência de alguma restrição.

Por fim, em todos os casos, antes da tomada de decisão, é muito importante que se faça um planejamento financeiro de modo a analisar os gastos pessoais e familiares, uma vez que o veículo traz consigo outros custos como combustível, manutenção, impostos, entre outros. 


Felipe Alves é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner) concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. 


Texto publicado no jornal Valor Econômico em 05 de Junho de 2023.

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