Como posso me preparar para fazer uma MBA no exterior?
Michela Aimar, CFP®, responde:
Parabéns pela decisão de se planejar com antecedência para alcançar seu objetivo. Trata-se de um grande investimento de tempo e recursos, portanto é extremamente importante que a escolha do programa seja norteada pela maximização do seu crescimento profissional. Em geral, os MBAs no exterior são melhor aproveitados por quem já possui alguns anos de experiência de trabalho e um objetivo específico de carreira, seja especializar-se, fazer a transição para uma nova área ou prosseguir carreira no exterior, por exemplo. Supondo que já tenha feito esta análise, deveria ter definido uma lista de programas que atendam suas expectativas e poderá então começar o planejamento financeiro.
Pesquise o valor das matrículas e estime todos os gastos de manutenção para toda duração do programa, que variam muito com a localização: hospedagem, alimentação, plano de saúde, transporte, lazer, despesas extra para fazer intercâmbio etc. Além dos custos durante o MBA, terá também gastos menores para preparar a documentação necessária ao processo seletivo (eventuais consultorias, cursos, certificações, traduções). Feitas as estimativas de custos para os cursos selecionados, pode passar a avaliar as opções de financiamento, que incluem: patrocínio corporativo, bolsa de estudo, recursos próprios, empréstimos ou, mais provavelmente, uma combinação de duas ou mais destas alternativas.
O ideal, no caso em que você gostaria de voltar a trabalhar na mesma empresa depois do curso, é que seu empregador possa patrocinar o programa. Uma vez que é comum pedir que o funcionário permaneça na firma por até dois anos após a graduação, sob a penal de ter que reembolsar o valor aportado pela empresa, esta opção pode comprometer sua flexibilidade professional pós-MBA.
Uma alternativa válida para reduzir o valor do investimento é pedir uma das bolsas de estudos oferecidas pelas escolas ou por fundações no exterior e no Brasil. Uma vez que o processo seletivo das bolsas acontece só depois do aceite no MBA, esta opção possui a desvantagem de deixar você na incerteza até os últimos meses quanto à possibilidade de bancar o curso, além de raramente cobrir o valor integral do programa e da estadia.
Na ausência de bolsas ou outros subsídios ou na necessidade de complementá-los, a melhor opção é sempre usar recursos próprios, pois, diminuir o valor total a ser financiado ajuda a reduzir o número de parcelas e a negociar juros de empréstimos.
Um planejador financeiro pode ser de grande ajuda neste momento em que é essencial organizar seu orçamento para maximizar sua capacidade de poupança, para estudar as melhores alternativas de investimentos para evitar que seus investimentos percam valor em moeda estrangeira ou até para definir se dois anos serão suficientes para acumular o montante necessário para embarcar nesta experiencia com tranquilidade. Atualmente, uma aplicação num fundo cambial, cuja rentabilidade após dois anos estará atrelada ao desempenho da moeda estrangeira, acompanhará as oscilações, positivas ou negativas, do câmbio, além de poder se beneficiar caso a queda nas taxas de juros continue, que é o cenário mais acreditado. Este tipo de aplicação, porém, apesar de ser prática, pode não dar uma proteção completa contra o risco cambial, por causa do imposto de renda e de possíveis diferenças na oscilação do valor da cota com relação à moeda. Se for possível ter uma certa segurança em relação ao país onde você estudará, uma alternativa a ser avaliada é a abertura de conta neste país, com envio de recursos para manutenção no exterior. A frequência e o montante das ordens de pagamento internacionais impactam no custo que esta alternativa apresenta (tarifas bancarias) e devem ser consideradas na comparação com o fundo cambial.
Por fim, a maioria das escolas facilita o processo de empréstimos para alunos internacionais, a condições extremamente vantajosas, pelo prazo de pagamento mais longo e pelos juros menores, quando comparadas às linhas de crédito brasileiras e em muitos casos sem necessidade de fiadores. Há outra fonte de financiamento alternativa que está ganhando espaço: o community financing, onde os investidores oferecem empréstimos em plataformas online, com um processo menos burocrático e condições melhores.
A combinação de todas estas informações sobre custos e opções de financiamento de cada curso na sua lista de preferidos servirá de suporte para decidir quais deles estão efetivamente ao seu alcance.
Vale lembrar que, em contrapartida ao aperto financeiro necessário para bancar um programa no exterior, a perspectiva de progressão salarial é muito positiva. Considerando a média das 30 melhores escolas de negócios, o retorno do investimento em um MBA acontece em até 4 anos, de acordo com a pesquisa anual do jornal Financial Times. Porém, imprevistos pessoais e crise internacionais acontecem, portanto é sempre valida a recomendação de manter uma reserva financeira em aplicações de alta liquidez, para bancar possíveis períodos de condições adversas que prejudiquem sua remuneração após a conclusão do curso.
Michela Aimar é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Associação Brasileira de Profissionais Financeiros – Planejar. E-mail: [email protected]
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Texto publicado no site Época Negócios em 29 de agosto de 2017.