Consultório Financeiro

Como montar uma carteira para o longo prazo

Tenho 35 anos e até agora tenho poupado pensando no curto e médio prazo. Recebi um bônus correspondente a quase dois anos de trabalho, que pretendo investir para o longo prazo. Quais as melhores opções para otimizar o retorno, considerando a tributação?

Eric Trevisani, CFP®, responde:

Segundo o pai da teoria moderna do portfólio, Harry Markowitz, duas condições são essenciais para se otimizar o retorno: determinar a tolerância ao risco e diversificar. Somado a isso, manter uma reserva de liquidez adequada às suas necessidades é crucial para se obter uma carteira de investimentos saudável.

Para investimentos líquidos e de curto prazo é recomendável ativos de renda fixa indexados à taxa Selic ou ao CDI, já que o valor resgatado tende a ser maior do que o aplicado. Nessa esfera, a Letra Financeira do Tesouro (LFT) e o Certificado de Depósito Bancário (CDB) são os mais populares. É importante citar também as letras de crédito do agronegócio (LCA) e imobiliárias (LCI) que são isentas de imposto de renda para pessoa física.

Para o longo prazo, as opções incluem ações, certificado de recebíveis, debêntures, fundos, notas do Tesouro e previdência privada. Em questão tributária, para ações, os dividendos e os lucros das operações com vendas inferiores a R$ 20 mil no mesmo mês são isentos de IR. Proventos de fundos imobiliários, certificados de recebíveis agrícolas (CRA) e imobiliários (CRI), além das debêntures incentivadas, são livres de impostos para pessoa física.

Já a previdência é um dos instrumentos de planejamento fiscal mais importantes. Os fundos de previdência não estão sujeitos ao come-cotas, como nos fundos comuns. O contratante pode ainda optar entre dois regimes de tributação, o progressivo, tributado segundo a tabela de IR, a exemplo do salário, ou o regressivo, em que, quanto maior o prazo, menor o imposto a pagar, limitado a 10% após dez anos. Outra vantagem é a possibilidade de conversão dos recursos em renda temporária, vitalícia ou até mesmo post mortem para os beneficiários.

O PGBL permite ainda a dedução de até 12% da renda tributável na declaração anual. Mas o imposto no resgate ou transmissão incidirá sobre o total investido e não somente sobre o lucro, como no VGBL.

Você começou a investir de forma correta, partindo de ativos de curto prazo. Mas, se você ainda não usufrui do diferimento fiscal propiciado pelo PGBL, esse pode ser um bom ponto de partida.

Por fim, é indispensável comparar o retorno e as taxas envolvidas. Mas evite promessas de lucros exorbitantes. Pesquise as garantias das aplicações e busque distribuí-las entre diferentes categorias, setores e emissores. E lembre-se de que a concentração dos recursos e o desconhecimento da própria tolerância ao risco são motivos de fracasso dos investidores.

Eric Trevisani é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP (Certified Financial Planner), pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor ou do IBCPF. Perguntas podem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 17 de agosto de 2015

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