Consultório Financeiro

É melhor investir em ações por meio de fundo ou de ETF?

É melhor investir em ações por meio de fundo ou de ETF?”Gostaria de investir parte do meu patrimônio em ações. Devo aplicar por meio de um fundo de investimentos ou comprar um ETF?

Felipe Borges, CFP®, responde:

Parabéns pelo interesse em renda variável. É uma excelente forma de diversificar seus investimentos com foco no longo prazo! Antes de começarmos é importante conhecer seu perfil de investidor e entender melhor quais são os riscos de investir em renda variável. Embora a experimentação faça parte do processo é preciso ponderar riscos. Gostaria de explicar um pouco sobre cada um dos produtos, as principais diferenças entre ambos e, dessa forma, auxiliar na sua escolha.

Exchange Traded Funds (ETFs) são fundos de índices negociados em bolsa, da mesma forma que uma ação. No Brasil, os ETFs mais comuns são de renda variável e se propõem a seguir um determinado indicador de forma passiva, ou seja, serão o reflexo da variação do índice. Um ETF que segue o Ibovespa, por exemplo, subirá aproximadamente 20% se o Ibovespa subir esse mesmo percentual. O mínimo para investir em ETFs é uma unidade e, para investir nesse produto, você precisa abrir conta em uma corretora, escolher qual ETF comprar e enviar uma ordem, que está sujeita a corretagem. Vale lembrar também que os ETFs possuem uma taxa de administração.

Fundos de investimentos em ações (FIAs) podem ser classificados como passivos e indexados a um índice ou ativos, com o gestor escolhendo quais ações investir, qual o melhor momento de compra, venda ou troca de ações.

Os FIAs também possuem taxas de administração e os fundos ativos ainda cobram taxas de performance. Para simplificar nosso exemplo, se um FIA ativo render 15% e o Ibovespa 10%, poderá haver uma cobrança percentual sobre a parte que superou o índice. Os fundos de investimentos em ações estão disponíveis nas plataformas de investimentos e bancos e, normalmente, possuem um mínimo de entrada que dependerá de cada fundo.

A tributação de ambos os produtos é igual. Tanto os ETFs como os FIAs estão sujeitos ao Imposto de Renda de 15% sobre o ganho de capital. A diferença vem apenas na forma de cobrança. Enquanto os FIAs cobram o imposto direto na fonte, no caso dos ETFs, você deve pagar a DARF até o último dia útil do mês subsequente à venda.

As estratégias envolvidas em cada um dos produtos são complementares. Depende de qual o volume financeiro você tem disponibilidade para investir no mercado de renda variável. Vou propor dois exemplos.

No primeiro, você está começando a investir agora e planejou aportes de R$ 100 por mês. É melhor começar nos ETFs atrelados ao Ibovespa para acumular capital sem se preocupar com o valor mínimo disponível para novas aplicações. O mercado brasileiro já conta com corretoras que não cobram taxas de corretagem e custódia e, dessa forma, sempre que possível você pode comprar quantas cotas de ETF que quiser. Ao acumular mais capital, você pode diversificar sua carteira de ETFs, para índice de “small caps”, investimentos no exterior, moedas, ouro e outros tipos de ETFs.

Já no segundo, você possui R$ 30 mil para investir em ações. Nesse caso, conseguirá montar uma carteira com ETFs e fundos de ações, incluindo fundos que investem em empresas fora do Brasil, e ETFs que aplicam em empresas de menor capitalização.

O cuidado na escolha dos fundos de ações é importante. Fique atento às taxas de administração dos fundos de ações e invista em fundos não correlacionados, ou seja, fundos que entregam rentabilidades diferentes para momentos distintos.

Não adianta você ter cinco fundos de ações se os gestores investirem nos mesmos ativos. Essa costuma ser a parte mais difícil para um investidor iniciante, pois, normalmente os fundos não divulgam as carteiras antes de três meses.

Mesmo que hoje você esteja apenas começando, ao longo do tempo sua carteira de renda variável irá alterar, com a inclusão de novos produtos financeiros. Para diluir riscos você pode combinar fundos de investimentos em ações de gestores com credibilidade e ETFs de índices como o Ibovespa e o de “small caps”. Na renda variável, a diversificação de estratégias é extremamente importante.

Felipe Borges é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected].

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 29 de abril de 2019

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