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É melhor investir por conta própria ou usar um fundo de investimento?

Antes de escolher, vale a pena entender o que exatamente é um fundo de investimento

Gustavo Borges CFP®, responde:

Essa é uma dúvida que pode aparecer para quem se interessa pelo mercado financeiro, mas, antes de abordarmos o assunto, é importante esclarecer o que exatamente é um fundo de investimento.

Os fundos operam como uma espécie de “condomínio” em que cada “condômino” possui um pedaço, uma cota do patrimônio do fundo, a qual representa uma fração do total desse patrimônio. Trata-se, portanto, de um mecanismo de investimento coletivo.

Existem as seguintes classes de fundo: renda fixa, ações, fundos multimercado e cambiais. Para cada segmento existem estratégias e regras diferentes. Dentro de cada classe podem ainda existir subdivisões, como um fundo de ações que investe no exterior ou até mesmo um fundo alternativo que investe em criptomoedas.

Por se tratar de produtos com diversas características e níveis de risco diferentes, é muito importante que o investidor se atente à sua Análise de Perfil do Investidor (API) para que acesse os produtos que estão em conformidade com seu apetite ao risco.

Não existe o que é “melhor” na hora de decidir entre investir por conta ou por meio de um fundo. Existe o investimento ideal para cada perfil, necessidades e objetivos financeiros.

Uma das grandes vantagens de investir por meio de fundos é contar com uma gestão profissional dos seus recursos. Afinal, nessa forma de investimento, o investidor dispõe da figura do gestor, que é responsável pela escolha da estratégia e dos ativos que formarão o patrimônio do fundo. Para o investidor que não possui tempo, paciência ou até mesmo disposição para estudar o mercado e fazer suas escolhas por conta própria, o fundo é uma ferramenta extraordinária.

Outro ponto relevante é que os fundos democratizam o mercado financeiro. Muitos investidores não possuem um capital tão significativo para montar uma carteira de investimentos diversificada, que explore todas as classes de ativos. Na maior parte dos casos, os fundos possuem um valor mínimo acessível para entrada e permanência no produto, o que facilita o acesso para muitos investidores e possibilita a diversificação de carteira.

Além de todos esses benefícios, destaca-se a transparência, uma das grandes vantagens de investir em fundos. Todo fundo tem a obrigatoriedade de ter um regulamento, no qual são detalhadas informações relativas à estratégia e aos custos, percentuais de exposição, entre outras informações relevantes para os cotistas.

Ademais, os fundos são fiscalizados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e muitos seguem o código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas, que, além de elevar os padrões éticos, estimula a transparência no relacionamento com os investidores.

E embarcar nesta jornada sozinho? Pode valer a pena?

Como já mencionado, não existe o modelo “certo”, mas modelos diferentes e características distintas. O investidor que desejar montar sua própria estratégia de investimentos deve se atentar à diversificação dos seus ativos e ao risco total da sua carteira.

Quando investe por conta, o investidor adquire uma responsabilidade grande em gerir seu capital, mas desfruta de algumas vantagens. A liquidez mais rápida é uma delas, principalmente no mercado acionário, já que, em alguns casos, os fundos podem demorar até meses para disponibilizar o saldo na conta.

Os custos para investir sozinho costumam ser mais acessíveis, pois não é necessário arcar com toda a estrutura de um fundo de investimentos e não há a figura do gestor, que precisa ser remunerado pelo serviço de gestão – essa remuneração é chamada de taxa de administração e performance, um percentual cobrado sobre o valor total da aplicação que serve para remunerar a gestão profissional do fundo e arcar com as suas despesas.

Os fundos que possuem gestão ativa (que buscam retornos acima do seu indicador referencial, como CDI e IBOVESPA) podem cobrar taxa de performance. Quando o resultado de um fundo supera esse indicador, a performance, se discriminada no regulamento, é aplicada.

A autonomia é outro fator positivo de investir sozinho, já que a tomada de decisões está na mão do investidor, o que possibilita que ele mude a estratégia e composição da carteira de acordo com o cenário macroeconômico. Dessa forma, pode guiar a carteira conforme suas convicções.

Mas, afinal, como decidir entre investir por conta e por fundos?

Essa escolha deve acontecer após o investidor traçar seus objetivos, metas e perfil de risco, e entender qual o tamanho do seu conhecimento de mercado. Para os “marujos de primeira viagem”, que estão iniciando no mercado financeiro, os fundos podem ser uma ferramenta mais atrativa. Já para os mais experientes, ter o controle da situação pode favorecer a escolha de investir sozinho.

Há, também, a alternativa de mesclar as duas estratégias, na qual o investidor pode delegar parte dos seus recursos para gestores com estratégias exclusivas e administrar o restante por conta própria, aproveitando os benefícios de ambas as formas de investimento.

Independentemente da preferência por investir por conta própria ou via fundos, é de extrema importância que o investidor, para que tenha mais segurança, busque a ajuda de um profissional qualificado para auxiliá-lo nessa tomada de decisão.

Gustavo Borges é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. 

Texto publicado na Revista Época em 1 de novembro de 2022.

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