Seu Planejamento Financeiro

É um bom momento para investir em fundos imobiliários?

Márcio Wolter Filho, CFP®, responde:

Olá, leitor(a)! Normalmente a resposta mais comum para questionamentos envolvendo investimentos é “depende” e, para sua pergunta, não será diferente. Antes de tudo, é importante conhecermos bem do que se trata esse produto financeiro. O fundo de investimento imobiliário (FII) é um tipo de fundo composto por ativos do mercado imobiliário e administrado por um gestor profissional, que é o responsável por fazer a compra e venda desses ativos.

Esses fundos são comercializados por meio de Bolsa de Valores, assim como as ações, e assim como elas são considerados investimentos de renda variável, portanto possuem maior risco – tanto de perder quanto de ganhar – se comparados com, por exemplo, a renda fixa. Existem três tipos de FIIs: fundos de tijolo (imóveis físicos), fundos de papel (títulos lastreados em imóveis) e fundos de fundos (FIIs que compram cotas de outros FIIs). Uma grande característica desses fundos é o pagamento de rendimentos, normalmente mensais. Como, na maioria das vezes, os fundos possuem imóveis alugados, há distribuição conforme a entrada dessa receita, após todos os custos da estrutura quitados. Outra característica é a ausência de imposto de renda nesses rendimentos. Apenas há custo com o imposto na situação de venda, com lucro, das cotas desses fundos – nessa situação, a alíquota é de 20%.

Adicionalmente, é imprescindível, já de início, conhecer seu perfil de risco. Para isso, temos o processo chamado de suitability, disponibilizado pelas instituições financeiras, que auxilia a identificar se você se enquadra como investidor conservador, moderado ou arrojado – através da API (Análise de Perfil do Investidor) – e também faz uma avaliação dos produtos que podem compor sua carteira de investimentos, entre eles os fundos imobiliários. Outro ponto é a reserva de segurança, ou seja, ter algo como 6 meses de despesas (aqui o prazo varia de caso a caso) investidos com segurança, liquidez imediata e rentabilidade condizente com o CDI – fundos atrelados a esse índice, um CDB pós-fixado com liquidez diária e o título público Tesouro Selic são exemplos.

Deve-se também levar em conta uma questão crucial na montagem da sua carteira, que é a diversificação, evitando concentrar o seu capital em apenas um tipo de produto. Dessa forma, enquanto alguns ativos vão mal, outros podem ir bem, gerando um equilíbrio, menos volatilidade e maior previsibilidade.

Dito isso e considerando que todas essas etapas foram superadas, é preciso refletir sobre os seus objetivos. Se for compor sua renda, ter um ganho passivo, pensando inclusive no seu futuro (longo prazo), sem grande preocupação com a oscilação das cotas, com novos aportes ao longo desse horizonte de prazo, pode-se dizer que é difícil prever quando seria um momento ruim. Boa parte dos FIIs fazem bem o papel de compor uma carteira “previdenciária”.  Se, no seu caso, você possui um valor já separado para esses investimentos, uma boa estratégia pode ser a compra em partes – aqui é preciso considerar, entre outros fatores, o prazo imaginado para a aposentadoria.

Porém, é importante que você saiba que há riscos envolvidos, como a vacância dos imóveis e o próprio aumento da taxa de juros no Brasil – o que pode fazer com que o investidor prefira sair do FII e consiga a mesma rentabilidade em algo mais seguro, o que pode ocasionar queda no valor das cotas. Já a alta da inflação não chega a ser um grande problema, pois geralmente os contratos de aluguel dos imóveis são reajustados pelo IPCA ou IGP-M. Uma forma de se proteger mais é a escolha bem estudada dos ativos que vão compor sua carteira, ou seja, vale a pena entender cada vez mais esse mercado – ou, pelo menos, contar com alguém de confiança para ajudá-lo(a). Relatórios de análise de empresas especializadas ou mesmo das próprias instituições intermediadoras (banco, corretora…) podem servir também como subsídio.

Boa sorte com os seus objetivos e sucesso! 

Márcio Wolter Filho é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial  Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. 

Texto publicado no site Época Negócios em 01 de junho de 2021.

0