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”Eu devo R$ 20 mil no cartão de crédito. Qual é a melhor forma de quitar essa dívida?”

Estancar os juros que estão correndo em cima de uma dívida alta no cartão de crédito é prioritário, explica especialista em planejamento financeiro

Por *Adriana Vieira Fernandes Luiz, CFP® responde:

“Devo R$ 20 mil no cartão de crédito, grande parte disso em parcelas de compras feitas no passado. Não estou dando conta de pagar o total de cada fatura. Como é melhor resolver? Parcelar é uma boa ideia?’’

Prezado leitor, a dívida no cartão de crédito é uma das mais comuns dentro da realidade dos brasileiros, visto a praticidade na utilização dele. Por esse motivo é tão importante manter um planejamento financeiro para um controle efetivo dos gastos no cartão.

Como você disse que se trata de compras feitas no passado e que não tem dado conta de pagar o total de cada fatura, existem duas saídas para você escolher:

A primeira é analisar a possibilidade de quitar a dívida à vista solicitando um desconto para tal. E para isso você pode pensar se existe algum bem que possa ser vendido ou, ainda, se existe a possibilidade de fazer uma renda extra. A ideia de fazer o pagamento à vista é exatamente para você ter o benefício financeiro, como o desconto dos juros incididos no montante da dívida, além do benefício emocional de alcançar a maravilhosa sensação de alívio em saber que conseguiu se livrar de algo tão ruim que é uma dívida.

Caso não exista a possibilidade de realizar o pagamento dessa dívida à vista, o melhor a fazer é entender a sua estrutura de gastos: para onde está indo o dinheiro que você recebe? Tendo essa clareza inicial, você pode selecionar as despesas que você tem condições de reduzir o valor ou, até mesmo, eliminar do seu orçamento. Isso fará com que você abra espaço em seu orçamento para incluir a parcela da renegociação que você proporá ao seu credor. Por exemplo: você tem costume de almoçar em restaurante todos os dias? Que tal levar marmitas para o trabalho? Consegue reduzir os gastos com lazer, alimentação, transporte ou algum outro gasto que você tenha? Se sim, aproveite esse momento para estabelecer limites de gastos para cada uma dessas categorias de despesas.

Somente após os passos anteriores será possível entender quanto irá “sobrar” em seu orçamento para você destinar ao pagamento da dívida do seu cartão de crédito. Vamos supor que, após toda essa análise e dos ajustes feitos em seu orçamento, você descobriu que terá R$ 1.000,00 de sobra todos os meses. Agora sim você pode propor uma renegociação junto à administradora do seu cartão, tendo em vista que já sabe o valor de parcela que poderá destinar para honrar a dívida.

Mas não termina por aí. Após descobrir o valor de “sobra” orçamentária, aplicando a metodologia citada, reduza 20% desse número para, daí sim, considerar esse novo valor como parcela ideal de uma renegociação. Por exemplo: suponha que a sobra orçamentária tenha sido aqueles R$ 1.000,00 já citados. A ideia aqui é que você proponha um valor de até R$ 800,00 (R$ 1.000,00 – 20%) de parcela para o seu credor. E sabe por que isso é necessário? Porque se existe algo incontrolável na vida são os chamados IMPREVISTOS. É por esse motivo que o seu orçamento deve ter uma pequena folga que contemple o pagamento de imprevistos, que podem surgir a qualquer momento em sua vida. Essa folga de 20% te ajudará a evitar novas dívidas e, consequentemente, te dará uma segurança financeira maior.

Um ponto de alerta que você deve considerar é: estanque os juros que estão correndo em cima dessa dívida do cartão. A cada fatura que você não paga na integralidade, o valor residual entra em uma linha de crédito automática chamada crédito rotativo. Por se tratar de uma das linhas de crédito mais altas do mercado, o ideal é não entrar no rotativo do cartão, e sim recorrer a outra linha de crédito mais barata que essa, como empréstimo pessoal ou empréstimo consignado, por exemplo. Mas antes de consultar outras linhas de crédito, é preciso fazer o planejamento financeiro como exemplificado acima para você entender quanto conseguirá destinar por mês para o pagamento dessa parcela.

Após resolver o problema da dívida do cartão de crédito, é muito importante que você deixe de usar essa modalidade de pagamento e, principalmente, evite compras parceladas, pois elas dão a falsa sensação de folga orçamentária e podem te levar a gastar acima do que realmente poderia gastar. Além disso, quando você compra algo em parcelas, está jogando uma responsabilidade de pagamento para um futuro que não está em suas mãos. Lembre-se sempre dos imprevistos da vida, conforme dito anteriormente.

Crie um planejamento financeiro e busque segui-lo à risca para garantir que você tenha um futuro tranquilo e sem dívidas. Se precisar, não deixe de buscar ajuda profissional!

Adriana Vieira Fernandes Luiz é planejadora financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected].

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações. 


Texto publicado na Revista Época em de 01 Junho de 2023.

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