Investimentos em curto, médio e longo prazo, como dividir?
Augusto Santiago Gratao, CFP®, responde:
Olá, primeiramente gostaria de agradecer pela pergunta, essa é uma dúvida muito comum, e pertinente, e geralmente é um ponto em que muitas pessoas erram na hora de investir.
Antes de mais nada, é importante entender o que são curto, médio e longo prazo para você. Estes termos são bastante subjetivos e o horizonte de tempo varia bastante de pessoa para pessoa. Para responder essa pergunta, assumirei o seguinte: quando falamos de curto prazo, estamos falando de até dois anos, para o médio falamos de dois a dez anos e para o longo, o horizonte de tempo é maior que dez anos.
Uma vez definido o que é curto, médio e longo prazo, precisamos entender qual o seu perfil como investidor, pois isso fará total diferença na estruturação de seu portfólio. Precisamos também deixar sua reserva de emergência organizada com o objetivo de evitar resgates dos investimentos antes do prazo imaginado, como regra de bolso, sua reserva deve ser de no mínimo seis meses de despesas médias.
Agora que contextualizamos os pontos mais importantes, vamos a pergunta.
Se o seu objetivo de curto prazo tem uma data definida, mas pode ser que você queira antecipá-lo, a melhor escolha para esta situação seria um ativo de renda fixa pós fixados (são indexados a um índice) com liquidez diária (pode ser resgatado quando o investidor desejar). Como exemplos podemos citar: o Tesouro Direto Selic, CDBs com liquidez diária e fundos de investimentos referenciados DI. Caso a antecipação de seu objetivo de curto prazo, seja algo fora dos planos, pode-se buscar opções de renda fixa sem a liquidez diária, com vencimento para próximo da data alvo do objetivo, isto acaba sendo vantajoso para o investidor, uma vez que ativos de renda fixa sem liquidez diária, geralmente possuem uma remuneração mais atrativa que os ativos com liquidez diária. Como exemplos podemos citar: CDBs, LCs, LCIs e LCAs.
Para os objetivos de médio prazo, como falamos de um horizonte de tempo um pouco maior, vale a busca por ativos de renda fixa pré-fixados ou renda fixa juro real (rendem a inflação mais um percentual combinado previamente. Ex: IPCA+3,5% a.a.) que por serem opções nas quais o dinheiro fica imobilizado por um tempo maior, tendem a trazer um melhor retorno ao investidor. A depender do seu perfil como investidor, e da possibilidade de flexibilização de data do seu objetivo, pode-se inserir na composição desta carteira investimentos com maior risco, como fundos multimercados, fundos imobiliários e ações. A definição de qual das opções seria mais vantajosa só é possível após uma análise do que se espera da economia para os próximos anos. Se espera por um aumento da taxa de juros para os anos seguintes, melhor optar pelo título pós fixado, se espera por uma queda da taxa de juros, o pré-fixado é a melhor opção, se sua preocupação é apenas proteção contra a inflação, os títulos IPCA+ atenderiam a sua necessidade. Na dúvida, diversifique. Além dos que já citamos acima, podemos citar também: Tesouro Direto IPCA+, Tesouro Direto pré-fixado, CDBs IPCA+ e pré-fixados, Debêntures IPCA+ e pré-fixados, fundos multimercado, ações e fundos imobiliários.
Por último, abordaremos o objetivo de longo prazo, aquele que permite deixar o montante investido por um longo horizonte de tempo e dependendo do caso, até por tempo indeterminado. Aproveitando o momento, gostaria de destacar que é muito importante colocar como um dos objetivos de longo prazo, a sua aposentadoria, para permitir que você mantenha o seu padrão de vida quando sua energia diminuir.
Neste cenário, quando se opta somente por renda fixa, a opção que se encaixa melhor e você deve ter uma exposição maior são os ativos de juro real, aqueles que rendem a inflação mais um percentual combinado, pois, assim como falamos de um horizonte longo de tempo, protegemos o capital investido da inflação. Porém, novamente dependendo do perfil do cliente, há a possibilidade de uma maior exposição em ativos de renda variável, que por apresentar um risco teoricamente maior, espera-se um retorno maior que a renda fixa no longo prazo. Como exemplos podemos destacar: ações, fundos imobiliários, fundos de investimentos em ações e fundos multimercados.
Ainda falando sobre longo prazo, temos uma outra opção, principalmente quando falamos de aposentadoria como um dos objetivos: a previdência privada, existindo hoje boas opções de fundos de renda fixa e multimercados, com a vantagem da não incidência de come-cotas.
Para finalizar, vale deixar claro que a carteira ideal depende do perfil do investidor e do que exatamente é o seu objetivo, pois a estruturação de uma carteira visando a compra de uma casa, ou o custeio de uma viagem é diferente de uma carteira visando a geração de renda. Por isso ter objetivos claros é fundamental.
Augusto Santiago Gratão Gomide é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]
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Texto publicado no site Época Negócios em 24 de setembro de 2019.