Medo de não conseguir pagar as parcelas. O que fazer?
Tenho um financiamento imobiliário, mas estou com medo de não conseguir mais pagar as parcelas. O que posso fazer?
Andrea Parente Soares S. de Carvalho, CFP®, responde:
Caro leitor, navegar pelos mares tortuosos de uma recessão econômica (mormente, da magnitude que enfrentamos nos últimos 5 anos), não é tarefa das mais simples para qualquer cidadão. Deste modo, permita-me uma breve explanação prévia à resposta, visando esclarecer o contexto macroeconômico aqui refletido.
Estamos diante de uma das mais profundas crises econômicas enfrentadas pelo país, o PIB (soma de todos os bens e serviços produzidos no país) está no mesmo nível de 7 anos atrás, o que gerou números alarmantes de desemprego (nos últimos meses, vem oscilando entre 11% a 12%, o que representa quase 13 milhões de desempregados), consoante dados recentes divulgados pelo IBGE.
Nesse sentido, quero iniciar a resposta considerando quão comum é a sua situação de revisão de dívidas e orçamento enxuto enfrentado por boa parte dos brasileiros, bem como, trazendo-lhe o alento dos bons ventos de uma economia que parece rumar ao norte da estabilidade econômica, traduzida em juros nominais baixos (a Selic alcançou o menor nível desde o início da série histórica divulgada pelo Banco Central, em 1986, atualmente em 4,50%) e inflação sob controle (IPCA acumulado em 12 meses de 4,31%). Temos ainda melhora dos indicadores de confiança (ICEI- índice de confiança do empresário industrial- alcançou 64,3 pontos em dezembro, maior patamar desde 2010), frente às reformas estruturais, perspectiva de reforma fiscal e desestatização promovidas pelo atual Governo. Além de sinais de melhora na margem do mercado de trabalho: de acordo com CAGED, mais de 99 mil vagas foram criadas em novembro, oitavo resultado positivo de 2019.
O resultado desse preâmbulo é um cenário mais benigno para todos aqueles que desejam renegociar dívidas, efetuar amortizações ou até mesmo tomar novos empréstimos, haja vista taxas de juros muito menores que nossa média histórica.
Há alguns caminhos para seu caso específico, caro leitor, a saber: criar ou aumentar a sua capacidade de pagamento, através por exemplo, da busca por fontes alternativas de receita; pleitear a renegociação da sua dívida à atual instituição financeira ou ainda (e as alternativas não são mutuamente excludentes) procurar nos concorrentes de mercado ofertas para portabilidade da dívida imobiliária, amparado pela recente liberação do Governo para créditos que estão fora do SFH, desde que cumpridas as exigências formais. De acordo com essa liberação efetuada dia 27/11/19, será possível utilizar o FGTS para abater o saldo devedor e também ter acesso a um crédito imobiliário mais barato. De acordo com dados de outubro do Banco Central, a taxa de juros média cobrada em financiamentos imobiliários fora do SFH é de 10,30% aa. Entre as taxas reguladas, a taxa média é inferior: 9,60% aa.
Em outras palavras, após enfrentar os ventos econômicos tortuosos das taxas de juros nominais de 2 dígitos, parece que o mar está novamente para peixe. Retome o leme das suas finanças com coragem e otimismo, pois como diria Mário Sérgio Cortella: “O desespero é o caminho mais longo para se chegar à vitória”.
Andrea Parente Soares S. de Carvalho é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. Email: [email protected].
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Texto publicado no site Época Negócios em 28 de janeiro de 2020.