Nunca investi. Por onde começar?
José Ricardo Porto Gomes, CFP®, responde:
Investir não é difícil, mas requer cuidados. Fazer um planejamento financeiro deve ser o primeiro passo. Ao entender suas entradas e saídas de recursos mensalmente, você saberá quanto poderá investir e se precisará ter recursos disponíveis a qualquer momento em seus investimentos. Muitas vezes as pessoas não sabem como fazer isso, mas é algo bem simples: até um rabisco numa folha de papel em que se coloquem as rendas (salário, aluguéis, outras rendas) e as despesas (considerar o máximo possível e de forma mais precisa, o valor exato ou a média dos últimos 6 meses por exemplo). Assim, você verá se pode reduzir alguma despesa e quanto mais ou menos irá “sobrar” no mês para aplicar e começar a montar uma reserva para atingir seus objetivos.
Ter bem definidos quais são esses objetivos é fundamental para quem quer começar a investir. São eles que vão motivar e guiar você para fazer os investimentos certos para o seu futuro. Separe objetivos de curto, médio e longo prazos para não focar somente um período e esquecer de algo relevante, definindo bem esse tempo – por exemplo, curto prazo pode ser até 1 ano, médio prazo pode ser entre 1 e 5 anos, e longo prazo, acima de 5 anos. Esses objetivos podem ser a compra de um imóvel, a troca do carro, a viagem dos sonhos, o envio de um filho para estudar fora do país, entre outros desejos.
Outro ponto importante é definir seu perfil de investidor. Os bancos e corretoras se utilizam de um questionário para definir esse perfil, o Suitability, conhecido como API (Análise de Perfil do Investidor). Ele é muito importante, pois o resultado da combinação de respostas desse questionário dirá se você tem um perfil mais conservador, moderado ou arrojado (esses nomes variam entre as instituições). Dessa forma, haverá um norte sobre em quais produtos investir, os prazos e os riscos. O perfil conservador tende a ter menos oscilação em seus investimentos do que os perfis moderado e arrojado, assim como também tende a ter retornos menores do que os demais perfis, ou seja, quanto maior o risco dos produtos do portfólio, maior a tendência de maiores retornos.
Procurar aprender sobre os produtos do mercado financeiro também é algo que ajuda muito para saber o que estão lhe oferecendo: riscos, vantagens, rendimentos etc. Compreender o que são fundos e suas variações (renda fixa, multimercados, ações etc.), produtos de renda fixa (CDB, LCI, LCA, CRA, CRI, Debêntures), títulos públicos (Pré, IPCA, Selic), ações, previdência (PGBL, VGBL) e quais são os indicadores de referência – CDI, Ibovespa, IPCA – ajuda nesse caminho. Outro ponto interessante é ler matérias em sites confiáveis (grandes instituições respeitadas no mercado), casas de análises, bancos, corretoras, opiniões de gestores. Hoje também existem vários cursos oferecidos gratuitamente sobre investimentos.
O mais indicado é procurar um especialista, um profissional qualificado, para analisar todos esses pontos em conjunto com você e ajudar nessa tomada de decisão. Hoje em dia os bancos oferecem especialistas de investimentos para ajudar seus clientes, há vários escritórios especializados de corretoras com seus AAI (Agentes Autônomos de Investimentos), os gestores independentes e, principalmente, os Planejadores Financeiros, que podem ajudar nessa trilha considerando inclusive aspectos importantes como o planejamento financeiro, patrimonial e sucessório, olhando não apenas para os investimentos e tornando a assessoria mais completa e eficiente.
José Ricardo Porto Gomes é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]
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Texto publicado no site Época Negócios em 14 de setembro de 2021.