O que são fundos quantitativos?
Karen Benetton, CFP®, responde:
A cada dia a tecnologia e a inteligência artificial têm ganhado espaço em muitas esferas de nossa sociedade, e isso não é diferente no mercado financeiro.
Na indústria de fundos de investimento, os fundos chamados quantitativos têm se destacado, pois buscam aumentar a precisão nas tomadas de decisões por intermédio de modelos matemáticos e algoritmos avançados que analisam o histórico de mercado e buscam padrões de comportamento.
A principal distinção entre fundos quantitativos e fundos passivos reside na sua abordagem de gestão. Os fundos passivos, muitas vezes referidos como fundos de índice, visam replicar o desempenho de um índice de mercado específico, como o Ibovespa, por exemplo, e suas carteiras são ajustadas quando a composição do índice subjacente muda.
Por outro lado, os fundos quantitativos são geridos ativamente. Eles empregam uma ampla gama de técnicas quantitativas para analisar grandes quantidades de dados e identificar oportunidades de investimento. O objetivo dos fundos quantitativos não é apenas igualar o desempenho de um índice, mas superá-lo.
Os fundos quantitativos normalmente dependem de dados históricos para desenvolver e aperfeiçoar as suas estratégias de investimento. Ao analisar o comportamento passado do mercado de forma rápida e eficiente e identificar padrões ou tendências, esses fundos tentam prever movimentos futuros do mercado para tomar decisões de compra e venda de uma ampla gama de ativos, como ações, títulos, commodities e derivativos.
Essa forma de gestão permite ao fundo identificar sinais sutis e explorar ineficiências do mercado que podem não ser imediatamente aparentes para os gestores de fundos humanos.
No entanto, é importante notar que os fundos quantitativos apresentam desafios e riscos. Embora os dados históricos e os modelos matemáticos possam fornecer informações valiosas, eles não são infalíveis. O mercado financeiro é dinâmico e pode estar sujeito a mudanças rápidas, tornando difícil prever com precisão o comportamento futuro do mercado apenas com base em dados passados. Além disso, os modelos quantitativos podem ser suscetíveis a erros sistemáticos ou vieses que podem afetar o seu desempenho.
Os fundos passivos, por outro lado, oferecem uma abordagem de investimento diferente, pois buscam alcançar a rentabilidade mais próxima possível de seu parâmetro de comparação (benchmark) e com a menor volatilidade possível em relação à desse mesmo parâmetro (exemplo: Fundo Referenciado CDI). Eles são frequentemente escolhidos por investidores que preferem uma abordagem de investimento mais prática e tradicional, que acreditam que no longo prazo não é possível ter retornos maiores do que os índices de investimento.
Em resumo, cada tipo de fundo tem suas próprias vantagens e considerações, e a escolha entre eles depende da tolerância ao risco, dos objetivos de investimento e das preferências do investidor. É relevante que os investidores avaliem cuidadosamente os seus objetivos de investimento, perfil de investidor e as estratégias utilizadas por esses fundos antes de tomarem decisões de investimento.
Finalmente, é importante salientar que a diversificação de ativos e de modelos de gestão é sempre a melhor alternativa para a construção de uma carteira de investimentos que busca reduzir os riscos e aumentar as chances de retornos consistentes a longo prazo.
Karen Benetton é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]
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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 15 de Abril de 2024