Seu Planejamento Financeiro

Onde investir que renda mais que a poupança?

Rozana Ventura, CFP®, responde: 

O primeiro passo para quem quer sair de um produto tradicional como a poupança e pensar em novas alternativas de investimento é buscar informação e estudar sobre mercado financeiro e conceitos básicos de investimentos. Quanto maior for o nível de conhecimento do investidor, mais preparado ele estará para tomar boas decisões.

De fato, a caderneta de poupança, aplicação mais popular do Brasil, vem acompanhando a queda na taxa básica de juros e rentabilizando cada vez menos. Toda vez que a taxa básica de juros SELIC fica em patamar igual ou inferior a 8,5% ao ano, a poupança deixa de render os tradicionais 0,5% a.m + TR e passa a render 70% da SELIC + TR. Lembrando que essa regra vale apenas depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012. Atualmente a SELIC está em 5% ao ano e a TR está zerada. As projeções indicam o Banco Central fará mais reduções na SELIC. Considerando o custo de cada investimento e a inflação, a margem de ganho do investidor fica cada vez mais apertada. Desta forma, é fundamental buscar veículos de investimentos que tenham rentabilidade real, ou seja, que depois de descontados todos os custos, ainda rendam acima da inflação.

A opção mais simples para o investidor conservador que busca retornos mais atrativos que a poupança, é migrar para Fundos de Investimentos Referenciados ao CDI ou até mesmo Fundos de Renda Fixa que comprem predominantemente títulos públicos federais e outros títulos de baixo risco. Ao comprar cotas de Fundos de Investimentos, o trabalho de escolher bons papéis é terceirizado para o gestor do fundo. Entretanto, é preciso ter atenção aos custos de taxa de administração e de Imposto de Renda, uma vez que a poupança é isenta de IR para as pessoas físicas e não há cobrança de taxa de administração como nos fundos. Sendo assim, no momento da migração, é importante colocar na ponta do lápis se o provável ganho em rentabilidade será suficiente para cobrir tais custos.

Para aqueles que preferem escolher a composição da carteira de investimentos por conta própria, comprar Títulos Públicos Federais na plataforma do Tesouro Direto é uma boa alternativa. No Tesouro Direto é possível escolher entre títulos que acompanham a taxa básica de juros SELIC, títulos que pagam uma taxa pré-fixada e títulos indexados à inflação. Cada um é adequado para objetivos específicos e horizontes de tempo diferentes.

O Tesouro Selic é o tipo de título mais conservador, pois acompanha as variações na taxa de juros SELIC. Enquanto a poupança rende atualmente 70% da SELIC + TR, o rendimento deste tipo de papel é aproximadamente 100% da SELIC. Mas é importante lembrar que para o Tesouro SELIC, assim como para os demais títulos negociados no Tesouro Direto, há o pagamento de Imposto de Renda e taxa de custódia de 0,25% a.a.

  Para objetivos de longo prazo, visando proteger o capital da inflação, o Tesouro IPCA+ é a alternativa mais aderente. Já o Tesouro Pré-fixado é mais indicado para o investidor que deseja saber de antemão qual será seu rendimento. Para os dois últimos títulos, é recomendável que se mantenha o investimento até o vencimento, uma vez que ao resgatar o valor investido antes o investidor enfrenta as condições de mercado daquele momento, o que pode não ser muito vantajoso.

Além dos títulos públicos, o investidor pode optar por investir em títulos emitidos por bancos, como CDBs, LCIs e LCAs. Assim como a poupança, os investimentos mencionados possuem garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que protege o investidor em até R$ 250 mil, caso a instituição financeira tenha algum problema para honrar o título. Esses títulos têm em sua maioria, a rentabilidade atrelada ao CDI e são aplicações muito populares entre os investidores com perfil conservador. LCIs e LCAs contam ainda com a isenção tributária para pessoa física Papéis emitidos por bancos menores e que geralmente são oferecidos em corretoras e plataformas de investimentos, costumam oferecer taxas melhores, porém o investidor deve ficar atento ao prazo para resgate e qualidade do emissor.

           O mercado de capitais enfrenta atualmente condições totalmente novas, a taxa de juros nunca esteve tão baixa. A exposição a produtos que são um pouco mais arriscados, ou que prendam o dinheiro por um período mais longo, é um caminho que muitos têm percorrido em busca de rentabilidades mais atrativas. Desta forma, é importante que os investidores, dos que tem o perfil mais conservador aos mais arrojados, pensem em diversificar uma parte da carteira em novas classes de produtos.

Rozana Ventura é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].br

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Texto publicado no site Época Negócios em 24 de dezembro de 2019.

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