Seu Planejamento Financeiro

Estou desempregado, como organizar minha vida financeira?

Perdi meu emprego durante a crise. O que fazer para organizar minha vida financeira agora que estou sem renda e não sei quando conseguirei um novo emprego?

Davi Augusto, CFP®, responde:

Com a crise que o país vem enfrentando nos últimos anos e com a desaceleração econômica causada pela pandemia, situações de perda de emprego e de renda acabam se tornando bastante comuns.

Quem se encontra nessa situação deve adotar alguns passos para conseguir organizar as finanças e manter as contas em equilíbrio até que consiga recuperar a condição de renda que possuía.

O primeiro passo deve ser entender quais são todos os gastos que você e sua família possuem. Liste todas as despesas fixas e as variáveis para descobrir qual o valor mensal de todos esses custos.

É importante que se preste bastante atenção nesse ponto do processo e que se tente ser o mais fiel possível ao seu total de gastos durante o mês. Realizando esse passo, você terá uma visão da real situação orçamentária da família e de quanto dinheiro será necessário para se manter.

Depois de descobrir exatamente de quanto você precisa por mês para se manter, o segundo passo é levantar as reservas financeiras que você possui para descobrir por quantos meses essas reservas poderão sustentá-lo. Aqui é o caso de levantar suas economias, aplicações financeiras e mesmo o dinheiro que possui em conta corrente.

Suponha que você tenha levantado que seus custos mensais são de R$ 7.000,00 e que possui economias no valor de R$ 35.000,00. Então, você tem reservas que poderão cobri-lo por até cinco meses. Esse é o tempo que você terá para procurar com calma um novo emprego.

Descobriu por quantos meses suas reservas são capazes de cobrir seus custos? Ótimo! É importante que você mantenha essas reservas em uma aplicação financeira de baixíssimo risco e de grande liquidez, como Tesouro Selic, Poupança, Fundos DI ou CDBs com liquidez diária de bancos de primeira linha. Apesar de trazerem pouca rentabilidade, essas são opções bastante seguras para guardar as suas reservas.

Outra orientação interessante é a de guardar essa reserva em uma conta separada da que você utiliza no dia a dia, e ir retirando dela mensalmente somente o valor que você precisa para pagar seus custos, como se estivesse retirando um salário. Dessa forma, você evita gastar mais do que pode ao longo do mês e acabar percebendo que essa reserva cobriria um tempo menor do que você havia estipulado.

Para quem não possui reservas financeiras, ou para quem precisa aumentá-las, é fundamental levantar bens que podem ser vendidos para levantar o dinheiro necessário para se manter nesse momento. Podem ser desde objetos de valor, como móveis e eletrônicos que estejam sendo pouco utilizados, até mesmo veículos.

Sei que esses passos são incômodos e dolorosos… nunca é fácil se desfazer de bens que conquistamos com tanto esforço. Mas lembre-se que essa é uma situação momentânea e que logo que recuperar sua renda você poderá ter de volta todos esses itens.

Depois de entender de quanto você precisa para viver no mês e por quantos meses suas reservas e bens podem o sustentar, o terceiro passo é analisar com firmeza os itens do seu orçamento que podem ser reduzidos nesse momento. A razão de se fazer isso é reduzir os seus gastos para que suas reservas possam cobri-los por mais tempo.

Alguns itens, como academias, diaristas e cursos extras, podem ser cortados imediatamente e lhe trazer uma boa economia logo de início. Claro que você deve levar em consideração a sua situação para saber quais itens devem ser cortados ou mantidos.

É importante que você também reduza seus gastos com itens de lazer, como saídas, restaurantes e viagens. Quanto a esses itens de lazer, vale um alerta: é importante que você reduza esses gastos, mas não os corte totalmente do seu orçamento. Muitas vezes, tendemos a acreditar que podemos cortá-los totalmente para segurar os gastos, mas, quando fazemos isso, o dia a dia pode se tornar bastante estressante.

E, se o estresse e o incômodo forem muito altos, corremos o risco de não aguentar seguir nosso plano por muito tempo e acabar compensando tudo em gastos maiores logo no mês seguinte. Portanto, separe um pouco de dinheiro – com moderação – para o seu lazer também!

O quarto passo é ficar atento às oportunidades e usar a sua criatividade para recuperar a sua renda. Pode ser que você consiga isso através de um novo emprego, ou que você utilize sua experiência em um outro tipo de trabalho. Empreender no que gosta, fazer serviços de freelance ou mesmo dar consultoria em áreas em que você tem experiência são excelentes formas para continuar gerando renda e, quem sabe, encontrar o seu novo trabalho.

Entenda que este pode ser também um momento para estar aberto a novas oportunidades e possibilidades de uma nova vida. Boa sorte!

Davi Augusto Rodrigues é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial  Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. 

Texto publicado no site Época Negócios em 24 de novembro de 2020.

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