Consultório Financeiro

Planejamento financeiro ajuda quem inicia carreira

“Como jovens que estão iniciando suas atividades no mercado de trabalho (ou até estudantes) podem começar seu planejamento financeiro?”

Guilherme Ferreira de Toledo Lourenço, CFP, com a colaboração de José Carlos Silva Cravo, responde:

O questionamento do leitor é muito relevante, principalmente nos dias atuais, uma vez que os jovens têm acesso a uma diversidade de informações que podem, ao mesmo tempo, confundi-los ou auxiliá-los na realização de seus sonhos. Para uma maior assertividade na tomada de decisão em seu planejamento financeiro, o jovem deve alinhar os seus objetivos a seu atual momento de vida para que não corra riscos desnecessários. Ressaltamos que, quanto mais cedo o jovem iniciar seu planejamento, menores serão os valores que ele precisará poupar (comparando com aqueles que começam mais tarde) e mais tempo ele terá para ser arrojado nos seus investimentos, lembrando que o período de vida produtiva de uma pessoa deve ser suficiente para que ela possa conquistar seus sonhos.

Esta mudança de comportamento só fará sentido para o jovem se ele compreender a importância do planejamento e, para iniciá-lo, é necessário definir objetivos e analisar a atual situação financeira. Com um simples orçamento listando seus ganhos (salários, honorários, trabalhos freelancers etc.) e despesas (aluguéis, prestações, cartões de crédito, mensalidades etc.), teremos um mapeamento das finanças pessoais de maneira precisa.

Como os jovens geralmente têm, no início de carreira, rendas mais baixas e muitas despesas, a primeira atitude que devem tomar é determinar um percentual das suas receitas mensais para investir, tal como se fosse a primeira “despesa” no orçamento.

Ao investir ocasionalmente ou quando há sobras de dinheiro, o jovem terá menor probabilidade de sucesso pois assim lhe serão exigidos esforços bem maiores no futuro. Mantendo uma proporção de, por exemplo, 10% das rendas, o jovem investidor terá sempre um valor de poupança compatível ao longo do tempo, antevendo futuras variações de receita.

O segundo passo é a escolha dos investimentos, a qual deve englobar questões como o perfil do investidor (conservador, moderado ou arrojado), horizonte de utilização dos recursos e o nível de liquidez necessária para reservas emergenciais.

Existem diversas alternativas de investimentos atualmente no mercado brasileiro e que cabem no bolso de qualquer pessoa, tais como CDBs, LCIs, LCAs e fundos de renda fixa. Previdência privada e títulos do Tesouro Nacional podem ser boas alternativas, mas devem ser bem estudadas pois são mais assertivas no longo prazo.

É importante salientar que qualquer tipo de investimento incorrerá em custos que, dependendo da escolha do cliente, podem inviabilizar a eficácia do planejamento. Faz-se necessária também uma revisão periódica da estratégia adotada, uma vez que o cenário econômico é muito dinâmico e as projeções em uma determinada data podem sofrer desde ajustes leves até mesmo alterações mais bruscas. A revisão servirá ainda para nortear o jovem nas mudanças de sua vida pessoal como casamento, nascimento de filhos, perda de emprego, entre outras.

De fato, não há fórmulas mágicas ou receitas prontas para a elaboração de um planejamento financeiro, já que as pessoas são diferentes uma das outras e têm reações e necessidades distintas, mas podemos afirmar que com uma estratégia bem definida, paciência e, principalmente, disciplina, o investidor conseguirá, dentro de suas possibilidades, realizar seus objetivos financeiros.

Guilherme Ferreira de Toledo Lourenço é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). E-mail: [email protected].

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 18 de julho de 2016.

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