Qual é a melhor forma de comprar dólar para quem vai viajar neste ano?
Comprar dólar em casas de câmbio, usar o cartão de crédito e abrir uma conta digital internacional são algumas opções para quem vai viajar para fora; veja qual é a opção mais vantajosa
Diogo Fernandez Canabal Alves CFP®, responde:
Fazendo uma retrospectiva rápida e revisitando a relação com a compra de moeda para fins de viagem, tivemos algumas evoluções importantes no decorrer das últimas décadas.
Antigamente os clientes passavam pela dificuldade de ter um simples cartão de crédito internacional. Naquela época existiam duas opções mais usadas: Travelers Checks, que eram uma espécie de cheque internacional e traziam a segurança de cancelamento em caso de roubo ou perda, e papel-moeda tradicional.
Depois, se popularizou a utilização de cartões, tanto os pré-pagos quanto os de crédito tradicional. Ambos são seguros, no entanto, em 2011, o IOF para compras internacionais utilizando esse meio de pagamento subiu para 6,38%, encarecendo de maneira representativa o seu uso para viagens de turismo.
Todas as opções citadas ainda existem. Algumas estão em desuso e outras são alternativas para a composição do montante total a ser gasto em viagens.
Hoje, com o desenvolvimento de novas tecnologias e mais empresas atuando na área, as pessoas conseguem se programar e diversificar a forma como o valor reservado para uma viagem é usado, aliando custo, segurança e comodidade.
Os meios disponíveis e mais utilizados hoje em dia são:
1. Papel-moeda
A compra de dólar em espécie pode ser feita em casas de câmbio e bancos tradicionais.
Nesse caso é importante pesquisar o spread utilizado pela instituição financeira. O spread é a diferença entre o valor de cotação da moeda e o valor cobrado em reais, ou seja, a diferença entre o preço de tela e quanto você paga. Por isso é importante cotar e comparar instituições diferentes.
Outro tema importante são as taxas da operação, que variam muito de um lugar para outro.
Nessa modalidade há incidência de 1,1% de IOF.
2. Cartão de crédito
Por comodidade, muitas pessoas viajam e utilizam o cartão de crédito tradicional, mesmo com o adicional de 6,38% de IOF. Para usar o cartão de crédito no exterior, basta ter um cartão internacional e limite adequado aos gastos estimados em dólar, e avisar o banco da viagem para que a utilização do cartão em outro país aconteça, evitando o risco de bloqueio.
Diversos cartões premiam com milhas por dólar gasto e pode-se levar isso em conta na utilização do cartão.
3. Conta global
Em 2021 foi aprovado que brasileiros residentes tenham conta em outras moedas que não o real. Há diversos bancos brasileiros que oferecem contas em dólar e euro, por exemplo.
Com a abertura da conta e a conversão de real em dólar, o viajante pode usar o cartão de débito no exterior, assim como usa no Brasil. Nesses casos, o IOF é de 1,1%.
A maioria dos bancos oferece esse serviço e não cobra taxas adicionais. Mas são as fintechs que estão revolucionando esse mercado e, de modo geral, acabam trazendo um serviço excepcional e acessível.
Na prática, considerando a compra de mil dólares com a moeda cotada a R$ 5,00 e com spread de 2% mais IOF, o viajante teria os seguintes gastos:
– Cartão de crédito ou pré-pago: R$ 5.425,38
– Cartão de débito internacional (conta global) ou papel-moeda: R$ 5.156,10
Voltando ao cerne da questão do leitor, não há um único meio e sim a soma das opções a depender do objetivo da viagem.
Para uma viagem tranquila, é necessário ter um pouco de dinheiro local (papel-moeda), cartão de débito (conta em dólar) e um cartão de crédito para emergência.
Agora o leitor deve estar se perguntando: quanto levo de cada? A resposta certa é: depende do tipo de viagem. Na média, algo em torno de 30% de papel-moeda e 70% de saldo em conta global costuma funcionar. Nesses casos o cartão de crédito só entra para uma emergência caso o orçamento da viagem estoure.
Ah, atenção para o limite máximo de dólares (em papel-moeda)! O valor máximo permitido para quem vai para os EUA é de 10 mil dólares. Quem quer viajar com um volume maior precisa declará-lo na alfândega norte-americana e, se não fizer isso, corre o risco de ter o recurso apreendido e responder a um processo.
Programe-se, pesquise e busque a opção que melhor se encaixa nos seus objetivos e no seu orçamento.
Diogo Fernandez Canabal Alves é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. Email: [email protected]
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Texto publicado no site Época Negócios em 27 de julho de 2022.