Consultório Financeiro

Qual o caminho para começar a investir em ações?

Amigos do mercado financeiro têm me dito que a hora está boa para entrar na bolsa. Penso em começar a investir em ações, mas não tenho experiência nisso. Qual o melhor caminho para me aventurar nesse novo mundo?

Arthur Sinzato, CFP®, responde:

Mais importante do que o conselho de seus amigos, que poderá se provar muito acertado, é essencial ter um bom planejamento para esse tipo de investimento, pois o mercado de ações possui características mais voláteis, o que acaba atrelando a um maior risco neste tipo de aplicação. Logo, sugiro que você leve em consideração os quatro pontos abaixo para melhor investir em renda variável.

O primeiro ponto a se avaliar é o seu perfil como investidor.  Por meio de questionários formulados pelo seu assessor financeiro, ou instituições bancárias, esse perfil poderá avaliar qual a sua tolerância a perdas e sua aversão ao risco nas finanças, resultando em uma escala que partirá do mais conservador até o mais arrojado. Isto servirá de base para que o perfil de seu portfólio fique ponderado com o seu perfil como investidor, porque por mais que o momento venha a se mostrar propício, as incertezas estarão sempre presentes, e é importante que você esteja confortável com suas aplicações. Avalie também sua necessidade de liquidez e diversificação com outros ativos para preservar seu planejamento financeiro.

A seguir, avalie periodicamente a conjuntura da economia e da empresa, pois o investimento não termina após a compra da ação. Na realidade, é apenas o começo, pois, se com o passar do tempo os fatores que justificaram o aporte inicial deixarem de estar presente, ou mostrarem potencial de ganho menos atrativo, será um ótimo ponto de reavaliação e ajudará a responder se o que parecia uma “hora boa”, permanece ou não sendo boa mesmo.

Listo a seguir alguns dos principais temas que tem sustentando o Ibovespa para que você possa ir acompanhando a evolução dos seus investimentos: a perspectiva de crescimento global está favorável; o Brasil está voltando a crescer e, mesmo que gradualmente, com condições promissoras, vide a queda da Selic.

É fundamental estar atento a agenda de reformas fiscais e ao cenário político, lembrando que 2018 será ano de eleição presidencial e o evento deve ser fonte de volatilidade para os mercados.

O terceiro tema trata do veículo no qual você pode investir em ações. O universo é amplo e vai além da simples compra da ação. Também é possível investir em renda variável por meio de fundos de investimento, que contam com gestão profissional, notas estruturadas (COE), que podem trazer um maior controle de risco, por exemplo, com proteção do capital investido, e os derivativos de ações, que são mais complexos, mas podem gerar resultados mais customizados. Cada qual tem  peculiaridades que podem se adequar melhor ao seu estilo, dando também a devida atenção aos custos e riscos atrelados.

Por fim, o último ponto é a educação financeira e o acompanhamento da aplicação. Esse dinamismo das ações exige um nível razoável de dedicação, mas que com o devido esforço pode se mostrar bem proveitoso. Aproveite os serviços de recomendações e assessoria, que buscam trazer informações úteis sobre oportunidades em ações, fundos e notas estruturadas, sem contar a conectividade dos portais de notícias e de canais de finanças na internet.

Espero que com estes pontos seus passos inicias neste novo mundo estejam direcionados para um caminho rentável, com uma aventura calibrada para o que você possa vir a esperar de “com ou sem emoção”.

Arthur Yukio Sinzato é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. Email: [email protected].

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected].

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 19 de março de 2018

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