Qual o melhor investimento para o futuro do meu filho?
“Tenho um filho de 6 meses e quero fazer um investimento para ele. O gerente do meu banco sugeriu um VGBL. É uma boa opção?”
Hélio Fugagnoli Neto, CFP®, em colaboração com Karoline Cinti, CFP®, respondem:
Caro leitor, agradecemos por compartilhar conosco sua questão. Filhos são fontes legítimas de preocupação, seja no momento presente quanto no futuro deles. Escolhas precisarão ser feitas em todos os momentos, desde o alimento, as brincadeiras até a educação, que trazem mais ou menos impactos financeiros para o orçamento familiar. O mais importante é que as decisões sejam tomadas dentro das condições reais dos pais.
Quando falamos de investimentos, gostamos sempre de começar com a seguinte pergunta: qual o seu objetivo com esse investimento para o seu filho?
A escolha do produto financeiro está diretamente ligada ao objetivo e prazo do investimento. O VGBL, uma das modalidades existentes de previdência privada, costuma ser uma boa alternativa para investimentos de longo prazo (acima de 10 anos). Porém, você deve estar atento ao tipo de plano (renda fixa, multimercado, ações etc.).
No atual cenário de taxa de juros baixos, se o investimento for muito conservador, a rentabilidade pode ficar muito próxima da inflação, e não haver ganho real do capital investido. Mesmo que seu perfil de investidor não seja agressivo ou arrojado, o prazo do investimento permite tomar mais risco. Sugerimos um plano de previdência que contenha uma alocação de pelo menos 20% em ações.
Outra opção são os títulos públicos indexados ao IPCA com vencimento próximo à data de realização do objetivo. Por exemplo, se a ideia é juntar dinheiro para a faculdade do seu filho quando ele tiver 18 anos, você pode investir no Tesouro IPCA + 2035. Ele garante uma taxa de juros e ainda preserva o poder de compra do montante aplicado.
De toda forma, é importante frisar que o investimento seja feito em seu nome e não no nome do menor. Quando seu filho tiver acesso ao dinheiro, é possível que a vontade dele quanto ao destino dos recursos seja diferente da sua. Qual seria sua reação se ele quiser pegar o dinheiro e gastar tudo em uma viagem? Essa resposta é fundamental para você definir se o dinheiro é dele e livre de qualquer condição, ou se é seu para gastar com ele naquilo que tem valor para você.
Por isso, reforçamos a pergunta: Qual o seu objetivo com esse investimento para o seu filho?
É muito comum vermos o desejo dos pais de poupar para os filhos, antes mesmo de construírem uma reserva para si. Querem contratar previdências para as crianças, mas não estão se preparando para a própria aposentadoria. Daí se surge uma dificuldade financeira como um desemprego, durante a fase de acumulação, e os pais precisarem mexer no “dinheiro dos filhos”, uma sensação enorme de culpa aparecerá. Culpa essa que não deveria existir, porque o dinheiro é dos pais.
Se seu desejo é garantir recursos para a universidade, mas seu filho passa em uma faculdade pública, você pode continuar guardando o dinheiro para ajudá-lo no começo da profissão, por exemplo, montando um consultório se ele optar por ser um profissional liberal. Caso ele escolha trabalhar em uma empresa, e não precisar de ajuda financeira, esse recurso pode ficar para você e ser usado como complemento de renda ao se aposentar.
A verdade é que se os adultos estiverem resolvidos financeiramente, sempre conseguirão ajudar os filhos. Do contrário, será mais difícil.
Além disso, vale uma reflexão sobre as expectativas que se tem sobre os filhos. Já pensou que eles podem querer uma profissão que não precise de curso superior? Que podem não querer aprender a dirigir e nem ter um carro? É importante deixar que os filhos também façam as próprias escolhas e conquistem seus objetivos.
Por último, associado ao plano de investimento, é preciso avaliar a necessidade de contratação de um seguro de vida que contemple, além da cobertura de morte, uma possível invalidez. Pois, se alguma fatalidade acontecer com você, a poupança será interrompida e possivelmente o objetivo não se concretizará no futuro. Lembrando que o beneficiário do seguro, ou mesmo da previdência se for o caso, deve ser um maior responsável e informado a ele suas intenções, senão, o menor não terá acesso ao recurso, somente mediante autorização judicial.
Hélio Fugagnoli Neto e Karoline Roma Cinti são planejadores financeiros pessoais e possuem a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected] e [email protected]
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Texto publicado no site Época Negócios em 10 de março de 2020.