Quanto custa ter um Pet?
Minha filha me pediu de presente um animalzinho de estimação. Quanto custa ter um Pet?
Paula Sauer, CFP®, responde:
O tema parece não fazer sentido em uma coluna de planejamento financeiro, mas adoramos a pergunta, que é totalmente pertinente.
Vivemos no Brasil um cenário inusitado, mas no mínimo interessante: a natalidade vem caindo e o número de animais de estimação per capta aumentando. Uma pesquisa realizada pelo IBGE divulgada em 2015, mostra que em 2013 tínhamos 45 milhões de crianças de até 12 anos em lares brasileiros e 132,2 milhões de pets entre cães, aves, gatos, peixes, répteis. A maioria dos animais eram cães, com 52 milhões.
O mercado de animais de estimação ou pets move no Brasil em torno de R$16 bilhões anualmente e, ao que tudo indica, esse número tende a crescer.
Os cuidados com alimentação, saúde e higiene têm um peso importante e recorrente no orçamento pois não é um custo questionável ou descartável e, assim como acontece com nós humanos, os gastos com a saúde deles tendem a aumentar com o avançar da idade.
Na maioria absoluta das cidades brasileiras, ainda não existe atendimento público para animais de estimação; uma noite em uma UTI em hospital veterinário particular custa em média R$2.000. Uma alternativa para mitigar o risco das despesas com saúde, são os planos de saúde veterinários. Paga-se mensalmente e alguns planos contemplam inclusive cirurgias.
Converse com a família a fim de verificar se o pet cabe não só no bolso, mas também na rotina da casa. Todos estão de acordo? Como vão se dividir nos cuidados? O bichinho ficará sozinho em casa? E nas férias? Sua casa tem espaço? Por mais que não exista em nossa legislação uma lei que impeça a presença de animais em apartamentos, verifique junto ao condomínio ou proprietário do imóvel (caso o seu seja alugado) se é permitida a permanência de animais de estimação. Coloque telas de proteção nas janelas.
Se for um animal silvestre verifique a procedência do criador junto ao IBAMA e providencie no mesmo órgão a licença para criação de passeriformes silvestres.
Pensem em tudo isso. É importante!
Supondo que sua filha queira um cãozinho, você terá de 10 a 12 anos no mínimo de despesas essenciais a mais. Os valores podem variar de acordo com o pet escolhido, o padrão de vida da família, saúde do animal e região do país. Sem contar o preço pago pelo pet ou plano de saúde, entre alimentação, consultas veterinárias, vacinas, vermífugos, higiene e lazer são gastos R$300 por mês, ou R$3.600 por ano em média.
Sim, é preciso pensar nisso também: Em caso de divórcio ou morte de um dos donos, deve-se ter claro quem cuidará ou herdará o pet.
É chato, mas precisamos abordar: inúmeros casos de compra ou adoção, resultam em devolução ou abandono. Animais que cresceram demais, adoeceram, não foram educados o suficiente, não couberam na rotina ou orçamento da família são rejeitados e descartados, pois não atenderam às expectativas de seus “humanos”. A Organização Mundial da Saúde estima que só no Brasil existem mais de 30 milhões de animais abandonados, entre gatos e cães.
Se for o momento certo, será um presente muito especial para sua filha e para toda a família, pois pets trazem uma alegria sem fim, são carinhosos e amorosos. Sem dúvida, transformam vidas.
Paula Sauer é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].
As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected].
Texto publicado no jornal Valor Econômico em 20 de março de 2017