Quanto devo poupar para a aposentadoria?
Por conta da reforma da Previdência, comecei a me questionar qual o percentual do meu salário deveria guardar, mas encontrei várias sugestões diferentes na internet. Quanto eu realmente deveria poupar?
André Luiz Simões Turossi, CFP, responde:
Prezado leitor, como o assunto do momento é a reforma da Previdência, a preocupação com a aposentadoria, ou com a complementação da renda de aposentadoria passou a ser pauta de discussões.
A definição de um percentual ideal a poupar dependerá necessariamente do nível de renda que planeja possuir no futuro e seus objetivos no curto, médio e longo prazos, pois, dependendo de onde se encontra no ciclo de vida, conseguirá gerar mais ou menos poupança e, desta forma, impactando no percentual. É muito comum que em momentos diferentes da vida as pessoas consumam mais e, consequentemente, poupem menos; em outros, o inverso, gerando maiores volumes de reservas.
Na definição desses objetivos, sempre será muito importante gerar uma reserva de emergência e, caso o leitor não a possua ainda, as primeiras sobras deverão ser destinadas a ela, pois evita que necessite recorrer a operações de crédito em situações inesperadas, pagando com a isso taxas de juros superiores as que remuneram os investimentos.
A geração de reservas financeiras deverá ocorrer após o pagamento de todas as despesas que possuir, como prestação da casa própria ou aluguel, água, luz, telefone, despesas escolares, alimentação, escola, dentre outros. O montante que sobrar poderá ser alocado em reservas.
Com esses dados será possível elaborar um planejamento financeiro, para descobrir se você consegue gerar capacidade de poupança mensal e, caso não esteja conseguindo, é necessário analisar onde é possível economizar, pois seu padrão de consumo pode estar acima de sua renda, e com algumas alterações, é possível ajustar seu orçamento para que gere sobras — e após definido este valor, projeta-se valores e prazos para o futuro.
A conta inversa também é possível, se define quanto deseja possuir de renda no futuro e com este valor e prazos de contribuição se planeja quanto é necessário economizar no presente e se é necessário rever o orçamento mensal para que gere a sobra precisa para atingir os objetivos planejados.
Após o conhecimento do valor disponível da renda para a reserva financeira, procura-se no mercado financeiro instrumentos para auxiliá-lo no atingimento dos objetivos e necessidade para cada momento que planejou e qual o perfil de risco e retorno esperado para atingir cada um.
Estão disponíveis diversos tipos de produtos, com diferentes perfis de risco e retorno, e deverá ser optado por um que atenda seus objetivos e perfil. A escolha do tipo influenciará no retorno desta reserva, pois será capitalizada mensalmente por uma taxa de juros, e produtos com maior retorno exigem maior exposição a riscos e prazos de maturação mais longos. Os mais conservadores expõem menos, no entanto, tendem a levar mais tempo para atingir os seus objetivos.
Podemos simular como exemplo uma renda fictícia de R$ 3 mil. Após pagar todas as despesas, gera uma sobra de R$ 900, que equivale a 30% desta renda. Utilizaremos nesta simulação um investimento conservador que remunera com 85% da taxa Selic, que é a taxa básica da economia e está em 6,50% ao ano.
Esta taxa anual equivalerá a uma taxa mensal de 0,45% ao mês aproximadamente, devido ao arredondamento, e aplicaremos mensalmente esta taxa, descontando uma inflação simulada de 4% ao ano; em dez anos, o montante será de R$ 121.785,55, que poderá ser resgatado após o prazo de capitalização, em parcelas mensais como forma de rendimentos, e quanto maior o prazo maior o montante gerado.
O impacto esperado da inflação foi simulado porque reduz o poder de compra do dinheiro.
Portanto, respondendo sobre qual o percentual que pode ser guardado, a resposta é depende. E depende de você e de sua disciplina em economizar. Um conselho é procurar um profissional habilitado, como um planejador financeiro pessoal, para a realização deste estudo, e com isso, definir quais os caminhos para alcançar os objetivos esperados.
André Luiz Simões Turossi é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP (Certified Financial Planner) concedida pela Planejar – Associação Brasileira dos Planejadores Financeiros E-mail: [email protected].
As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: consultó[email protected].
Texto publicado no jornal Valor Econômico em 01 de julho de 2019