Consultório Financeiro

Que aplicação devo escolher para um afilhado recém-nascido?

Horizonte de longo prazo conta a favor, mas o que irá influenciar a assertividade da seleção é a estratégia de investimento, seja em renda fixa, variável ou alternativas

José Cravo CFP®, responde:

Prezados leitores, o questionamento é muito pertinente, principalmente pela importância da formação de reserva de capital ao longo do tempo.

No caso do seu afilhado recém-nascido, um ponto favorável é o fator tempo, ou seja, o horizonte de investimento para ele é de longo prazo (mínimo de 18 anos), o que facilita a estratégia da seleção de ativos.

Só para esclarecer, a previdência privada também é uma modalidade de aplicação financeira, um excelente produto para o planejamento financeiro de longo prazo. Porém, o que realmente irá influenciar a assertividade da seleção dos produtos é a estratégia de investimento escolhida, seja em renda fixa, seja em renda variável ou alternativas (incluindo multimercado, câmbio e afins).

Para quem está iniciando no mundo dos investimentos e quer manter uma regularidade de contribuição (aportes) com a menor carga tributária possível, a melhor opção é a previdência privada, pois nela é possível selecionar a estratégia de investimento e ainda ter o benefício de reduzir o impacto do imposto de renda.

Existem dois tipos de plano de previdência privada: o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) e o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre). Basicamente, o que influencia a escolha de um tipo ou de outro é a maneira como o investidor faz sua declaração de imposto de renda.

O PGBL é sugerido para quem entrega a declaração de imposto de renda usando o modelo completo, aproveitando benefícios fiscais (quem contrata o PGBL pode deduzir as contribuições realizadas no plano de sua renda bruta tributável). O limite é de 12% da renda bruta anual.

O VGBL não inclui o benefício fiscal proporcionado pelo PGBL, por isso é indicado para os investidores que fazem a declaração de imposto de renda no modelo simplificado. A vantagem do VGBL é que, no resgate, o imposto de renda incide apenas sobre os rendimentos e não sobre o valor principal das contribuições como no PGBL.

Outro ponto a considerar são os custos da previdência, que são: a taxa de administração do fundo, cobrada pela instituição que faz a gestão dos fundos em que o dinheiro é aplicado, e a taxa de carregamento, que é o valor descontado das contribuições feitas pelo investidor durante o período de acumulação. Existem instituições que optam pela cobrança da taxa na hora do resgate (taxa de saída). Atenção: nem todas as instituições cobram a taxa de carregamento, por isso analise bem onde vai alocar seu recurso; esses custos irão impactar o seu rendimento.

Para a tomada de decisão sobre a escolha do plano de previdência para o seu afilhado, o ideal é procurar um profissional da área, que irá lhe auxiliar na escolha da modalidade (VGBL ou PGBL) e do regime tributário de acordo com a sua realidade financeira e com o objetivo de valor a ser poupado.

O ponto de atenção com a previdência é sempre ir analisando o desempenho da estratégia selecionada (sempre buscar ganho real, ou seja, acima da inflação).

Parabéns por procurar orientação para o planejamento financeiro do seu afilhado! Tenho certeza de que ele colherá bons frutos em sua vida com esse tipo de atitude (ainda mais desde novinho).

Sucesso!

José Carlos Silva Alves Cravo é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 03 de Outubro de 2022.

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