Quero investir na bolsa de valores. Por onde começar?
Márcio Wolter Filho, CFP®, responde:
Atualmente, não é mais possível conseguir com tranquilidade aquele retorno de “1% ao mês” de alguns anos atrás. Muitos investidores, com saudade dessa rentabilidade, procuram opções disponíveis no mercado financeiro, e as ações podem ser um bom caminho. O momento que vivenciamos, com expectativas em torno de possíveis reformas – como a da Previdência – e a retomada da economia, permitem que vislumbremos bons lucros na renda variável.
Primeiramente, é preciso ter conta em alguma corretora de valores. Há opções nos grandes bancos e também em instituições independentes, que estão se tornando cada vez mais famosas por seus baixos custos e grande número de opções de investimentos. As operações são feitas através do Home Broker, sistema que permite que você negocie sem dificuldades. No site http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/participantes/busca-departicipantes/busca-de-corretoras/ é possível verificar a lista de corretoras que atuam no país e oferecem o serviço.
Assim que é feito o cadastro, o próximo passo é a realização do seu Perfil de Investidor. Respondendo a algumas perguntas no site da corretora, você consegue medir o percentual do seu dinheiro que poderia ser alocado, por exemplo, em ações. Esta parte do processo é muito importante, pois não é interessante investir um valor que em qualquer oscilação negativa te deixe desconfortável, gerando ansiedade a todo instante. Ou seja, basicamente você precisa saber o quanto de risco seu estômago aguenta.
Caso opte por comprar ações específicas, é muito importante o estudo, o que motivou a escolha de uma ou outra companhia. Você pode fazer isso sozinho ou ler estudos de profissionais, como os relatórios com as indicações feitas por analistas das corretoras. Há dois tipos de análise: a Fundamentalista, que busca empresas com base no exame dos fundamentos do negócio; e a Técnica, que foca em aspectos gráficos, que indicam uma possível tendência de alta ou baixa da ação.
Portanto, saiba responder às seguintes perguntas:
- “O que procuro com este investimento?”
- “Busco investir em empresas com potencial de distribuir bons dividendos? Ou quero ser sócio de empresas que, de uma hora para outra, podem multiplicar seu valor e eu possa vender as ações?”
- “Meu foco é no curto ou no longo prazo?”
Com tudo isso feito e respondido, o próximo passo é, de fato, investir. Vamos às alternativas:
- Ações: como se sabe, comprando ações, você se torna sócio de uma empresa, e há para todos os gostos na Bolsa. Desde aquelas mais conservadoras, como as do ramo de energia, até as mais arrojadas, como as de varejo ou construtoras. Há prós e contras, e o grau de diversificação pode se encaixar nestes dois opostos: se você coloca todo o seu capital apenas em uma empresa e ela sobe 100% em alguns meses, a baixa diversificação seria excelente; porém, se ela cai 50%, o resultado se torna péssimo, provando que teria sido mais conveniente uma maior diversificação. Maior diversificação, menos volatilidade/risco, e vice-versa.
- ETFs: os ETFs (Exchange Traded Funds) são fundos negociados na bolsa. Seu objetivo é replicar o desempenho de algum índice específico. Há ETFs referenciados no índice Ibovespa, composto por ações de grandes companhias negociadas na B3 (atual nome da Bolsa de Valores de São Paulo, antiga Bovespa). Estes produtos possuem a vantagem de diversificação sem grandes investimentos, e o investimento é baixo, geralmente abaixo de R$ 100. Existem também opções de ETFs focados em espelhar desde o desempenho de empresas menores (small caps) até o mercado acionário dos EUA.
- Fundos de ações: esta também pode ser uma boa escolha, onde se terceiriza a seleção de empresas, deixando seu dinheiro na mão de um gestor. Este profissional, com o auxílio de equipe de analistas, passa o dia atrás de opções interessantes. Com um aporte baixo – há opções de aporte abaixo de R$ 5.000 –, há a possibilidade de investir em um produto que vai buscar retorno acima do Ibovespa. Ao contrário dos anteriores, este produto não é negociado na Bolsa, e nem todas as corretoras disponibilizam.
Espero ter ajudado e torço para que sua escolha seja a mais adequada possível.
Boa sorte com seus objetivos, sucesso!
Márcio Wolter Filho é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]
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Texto publicado no site Época Negócios em 12 de Março de 2019.