Quero investir. Quanto colocar em renda fixa e variável?
Tenho R$ 10 mil na poupança e quero diversificar investimentos. Quanto devo colocar em renda fixa e variável?Quero investir. Quanto devo colocar em renda fixa e variável?
Carlos Cardoso, CFP®, responde:
A diversificação de investimentos é uma estratégia extremamente interessante e a forma mais inteligente de alocar seus recursos. A característica mais importante de uma carteira de investimentos, quando se pensa no longo prazo, é a consistência, ou seja, retornos regulares ao longo do tempo. Só se pode atingir uma consistência interessante através da diversificação dos seus investimentos. Tem um ditado que circula no mercado financeiro que diz que, “é melhor ganhar pouco e sempre, do que ganhar muito de uma vez só”.
No entanto, construir uma carteira de investimentos que traga retorno interessante, que apresente consistência ao longo do tempo e que ainda satisfaça o investidor, nem sempre é uma tarefa simples se fazer. Há uma série informações que devem ser levadas em consideração. O ponto aqui é que não existe uma fórmula pronta que possa ser aplicada a qualquer pessoa e que determine qual o valor percentual dos seus investimentos pode ser investido em ações.
Existem dois grandes critérios que precisam ser cumpridos: a capacidade de assumir riscos e a disposição para assumir riscos.
Quando se fala da capacidade de assumir risco, estamos trabalhando de forma objetiva e avaliando o montante disponível para se investir. Antes de investir em ações é preciso construir um fundo de reserva para emergências, que pode ser de ser um valor em torno de 5 a 6 meses de despesa mensal do investidor. Por isso é preciso avaliar o padrão de vida da pessoa. Se o investidor em questão possuir um padrão de vida de R$ 5 mil e os R$ 10 mil representam a única poupança disponível, a recomendação seria não investir em ações, pois neste caso, especificamente, o investidor tem apenas dois meses de suas despesas mensais fixas. Neste cenário, para qualquer emergência em que você precisar do dinheiro, a poupança seria consumida e caso estivesse investida em ações, poderia estar exposto a um risco desnecessário de precisar realizar seus investimentos antecipadamente, podendo incorrer em prejuízos.
Da mesma forma, caso o investidor em questão possua um padrão de vida de R$ 1,5 mil, ele poderia dispor de um valor para se investir em ações. Neste caso, pode-se pensar em aplicar 5 meses das despesas mensais, ou seja, R$ 7,5 mil em renda fixa e R$ 2,5 mil em ações.
Observe que a análise não está completa e a decisão de investir em ações deve levar em consideração as características individuais de cada um. O investimento em ações é um movimento que deve ser feito com foco no longo prazo e o investidor deve estar ciente de que não se deve alterar ou mesmo resgatar os investimentos em função das oscilações do valor de seu capital.
Por isso é importante levar em consideração a disposição desse investidor em assumir uma variação no seu capital. A disposição de assumir riscos é uma medida subjetiva, individual e que muda ao longo da vida. No geral, quanto mais novo um investidor é, maior seria o seu apetite de risco. Mas essa regra também não se aplica a todo mundo de forma indiscriminada e cada indivíduo tem o seu apetite a risco particular. A melhor forma de determinar qual a disposição a risco do investidor acontece na prática, onde o investidor também tem a oportunidade de se conhecer. A recomendação aqui é sempre começar com um percentual pequeno dos seus investimentos e à medida que for conhecendo melhor as formas de investimentos e dinâmica do mercado, aumentar ao longo do tempo sua posição em ações.
Dito isso, antes de investir em ações, a recomendação seria constituir um fundo de emergência e aplicar em ativos de baixo risco, com liquidez diária e que acompanhem a taxa CDI ou a taxa Selic, lembrando que este valor pode ser algo entre 5 a 6 meses das suas despesas fixas. Em seguida separar um valor pequeno para investir em ações e ir aumentando ao longo do tempo. Para quem está começando a aplicar em renda variável e não tem conhecimento e nem tempo para acompanhar, existe a possibilidade de se aplicar em fundos e delegar para gestores profissionais a gestão dos seus recursos. Importante alertar para a necessidade de se fazer uma análise do fundo, custo, histórico e política de investimento antes de decidir. Outra forma de investir em ações para esse investidor seria comprar um fundo de que replica o índice, conhecido como EFT, por intermédio de uma corretora. Os fundos de índice de ações (ETF’s) são interessantes porque constituem uma forma segura, com baixo custo e bem diversificada de se investir em ações.
*Carlos Cardoso é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].
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Texto publicado no site Época Negócios em 28 de maio de 2019.