Tipo de fundo escolhido deve estar alinhado ao objetivo
Em fevereiro de 2012 fiz uma aplicação de R$ 70 mil em um VGBL, sendo 100% em um fundo “ciclo de vida”. Um mês depois fiz um aporte de mais R$ 1 mil. A rentabilidade em 2012 foi de 10,1%. Entretanto, este ano já perdi quase 18%. A composição da carteira é 44% de ações mais 49% de índice de preço e 7 % de outros papéis pré e pós-fixados. Meu questionamento: como pretendo resgatar essa aplicação daqui a um ano devo permanecer no VGBL ou migrar para um fundo de renda fixa?
Annalisa Blando Dal Zotto, CFP®:
Caro leitor, ao que tudo indica, você não recebeu orientação adequada na escolha desse produto.
O VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) é em tese uma modalidade de previdência privada, cujo objetivo final seria o de complementar a renda gerada pela previdência pública, na época de o contribuinte usufruir da aposentadoria.
Porém, aplicações em VGBLs também podem ser utilizadas como estratégias de planejamento sucessório, tributário e também como mera opção de investimento.
Considerando-o como estratégia de aplicação, duas coisas devem estar muito claras: qual o objetivo e o perfil (a tolerância, a capacidade e a necessidade de correr riscos e enfrentar as variações do mercado) do investidor. Mesmo sem conhecer seu perfil, está evidente que o seu plano de previdência não está alinhado ao seu objetivo!
Planos “ciclo de vida” levam em conta que o aplicador tem um objetivo definido (data-alvo) e suas carteiras são alinhadas conforme esse objetivo. Ou seja: tanto os títulos de renda fixa quanto a carteira de renda variável serão proporcionais ao horizonte de tempo (ciclo de vida). Desta forma, quanto mais distante da data-alvo, maior o percentual em renda variável (porque nesta fase se busca maior ganho de capital) e ao contrário, quanto mais próximo, maior será o volume de renda fixa (pós-fixado), já que o objetivo passa a ser o de proteger o patrimônio conquistado. Considerando a composição da sua carteira, me parece que seu fundo tem um horizonte de tempo bem longo, talvez 2030 ou 2040.
No seu caso, no entanto, existe a decisão do resgate dentro de um ano, o que me faz afirmar que a estratégia do fundo em que seus recursos foram aplicados não está adequada ao seu objetivo.
Produtos de previdência privada podem ter um custo tributário bem alto no caso de resgates no curto prazo, mas no seu caso, como não houve ganho financeiro, não há com o que se preocupar.
Portanto, recomendo que você procure um investimento que esteja alinhado ao seu horizonte de tempo: um ano! Você deve fugir de qualquer tipo de risco, especialmente de volatilidade, porque o objetivo principal deve ser o de preservar seu patrimônio. A estratégia mais adequada são produtos de renda fixa atrelados ao CDI.
As opções são títulos públicos pós-fixados (LFTs), CDBs ou fundos DI (evite fundos de renda fixa que tenham títulos prefixados em sua composição). Considerando o horizonte de tempo e a tributação da renda fixa, uma ótima alternativa são as letras de crédito agrícola (LCA) ou imobiliário (LCI), que são isentas de imposto de renda para pessoas físicas. Considere que papéis que pagam acima de 82% do CDI oferecem uma rentabilidade superior a 100% deste indexador para o período de mais de 360 dias [quando descontado o imposto].
Neste caso, certifique-se de que o investimento seja garantido e que esteja dentro do limite (R$ 250.000,00 por CPF) do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), e de que você que não vai precisar, em hipótese alguma, do dinheiro antes do vencimento dos títulos. Em corretoras você poderá encontrar letras de crédito de bancos médios com ótimas rentabilidades.
Annalisa Blando Dal Zotto é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].
As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]
Texto publicado no jornal Valor Econômico em 01 de dezembro de 2014.