Consultório Financeiro

Usar o imóvel como garantia para empréstimo é boa opção?

Estou pensando em utilizar o imóvel que possuo como garantia para negociar meus empréstimos atuais, nos quais pago juros muito altos. Vale a pena fazer isso?”

Everson Lopes, CFP®, responde:

O refinanciamento de imóvel é uma modalidade muito utilizada em vários países que agora, ainda que de forma muito tímida, começa a ser utilizada pelos brasileiros que sonham em financiar seus projetos e metas, como a compra de outro imóvel, a abertura de uma empresa, a formação dos filhos ou a negociação/quitação de dívidas com juros mais altos. Essa modalidade também é conhecida como empréstimo com garantia de imóvel ou home equity.

A pauta da utilização dos imóveis como garantia de empréstimos pessoais está na agenda do Banco Central. Existe um interesse do BC em viabilizar a disseminação dessa modalidade, elevando seu limite e reduzindo seu custo final (juros e demais custos). Isso passa naturalmente pela segurança jurídica de quem é o fornecedor dos recursos e o imóvel é um grande mitigador desse risco. Alguns avanços foram publicados em novembro de 2021 pelo BC com o Novo Marco de Garantia, permitindo por exemplo a flexibilidade de um mesmo imóvel servir de garantia a mais de uma operação de crédito para o titular, isso na mesma instituição.

Muita gente pensa se tratar de uma operação para renegociar as parcelas ou dívidas, mas na verdade é uma modalidade de empréstimo na qual se oferece como garantia um imóvel de sua propriedade. É importante lembrar que os bancos vão sempre liberar um crédito menor do que o valor do imóvel, normalmente inferior a 60% do valor do bem. Além dos bancos, pesquise financeiras e fintechs que se especializaram na modalidade e podem ser uma alternativa.

Segue um resumo das principais vantagens do crédito com garantia de imóvel:

· Possibilidade de obter até 60% do valor do imóvel em crédito;

· O imóvel continua em propriedade do titular, que pode residir nele, alugá-lo ou empreender nele;

· O prazo da operação é mais longo para o pagamento;

· Destinação livre para a utilização do recurso (flexibilidade);

· Possibilidade de o crédito ser liberado para negativados;

· Troca de débitos ou quitação de operações mais caras por taxas menores.

Visando não correr riscos desnecessários e ter uma experiência positiva com esse tipo de empréstimo, é muito importante fazer uma avaliação criteriosa antes de fechar negócio e lembrar-se de que o valor das parcelas precisa caber no orçamento. Fazer um planejamento financeiro é fundamental para ter sucesso nesse sentido. Se mesmo assim surgir algum imprevisto durante a vigência da operação e você não conseguir pagar as parcelas em dia, a recomendação é procurar a instituição e negociar novas condições e prazos. 

Apesar de o processo para a obtenção do empréstimo com garantia de imóvel ser mais demorado e exigir documentos que as demais modalidades não exigem, as boas condições de pagamento e os juros menores fazem valer a pena considerá-lo.

Toda a resposta visa esclarecer sobre a linha de crédito e seus pontos positivos e negativos. É, sim, muito provável que dessa forma você consiga taxas menores do que as operações atuais. Avalie o seu caso e faça um planejamento para a quitação das dívidas atuais e a organização do seu fluxo de caixa de forma a viabilizar o pagamento das parcelas.

Imprevistos podem acontecer e desorganizar temporariamente as finanças da família, o que não significa que o assunto não deva ser debatido em busca de alternativas melhores. Sua pergunta indica que você está nesse caminho, então merece parabéns.

Everson Lopes Stabile é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected] .

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 07 de março de 2022.

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