Consultório Financeiro

Vale a pena contribuir com um PGBL oferecido pela empresa?

Mudei de emprego e a nova empresa oferece aportar o mesmo valor que eu contribuir em um plano de PGBL até o limite de 4% do meu salário. A empresa me ofereceu duas opções de PGBL, mas os dois planos têm baixa rentabilidade. Vale a pena contribuir?

Paula Sauer, CFP®, responde:

Olá leitor, ótima pergunta! É a dúvida de muitas pessoas na hora de analisar uma oferta de emprego. Em algumas empresas, esta modalidade de previdência, com aporte da companhia, é uma das “estrelas” dos pacotes de benefícios utilizados pelos RHs para captar e reter talentos. Vou chamar a atenção para alguns pontos de forma que entenda se é adequado a seus planos, perfil de investimentos e momento de vida mas, de uma maneira geral, pode valer a pena contribuir sim.

Segundo a Abrapp (Associação Brasileira das Entidades

Fechadas de Previdência Complementar), dados divulgados pelo IBGE mostram uma mudança no perfil da nossa população: a expectativa de vida dos brasileiros vem crescendo a cada censo realizado. Isso significa que as pessoas vão viver mais, estendendo o período de recebimento dos benefícios concedidos pela previdência social (INSS), e os nascimentos diminuíram bastante nos últimos anos — juntos, esses ingredientes nos leva a um cenário onde teremos no país um contingente maior de idosos recebendo benefício e um menor de jovens no mercado de trabalho contribuindo para a Previdência Social. Essa conta não vai fechar: existe uma tendência cada vez mais clara de redução do valor do benefício pago pelo INSS e que as pessoas terão que ficar mais tempo no mercado de trabalho, retardando a aposentadoria, para poder se manter financeiramente.

Nesse contexto a previdência complementar vem ganhando espaço. Ela é definida como um sistema que acumula recursos para garantir uma renda adicional nesta nova fase do ciclo de vida. No seu caso, a adesão ao plano de previdência privada é uma decisão conjunta com a empresa patrocinadora que complementa o seu investimento.

Quanto à rentabilidade, alguns planos de previdência possuem regras mais restritas na inclusão de risco na carteira, o que leva muitas vezes a uma carteira mais conservadora.

Mas vale chamar a atenção: rentabilidade importa, claro, porém, retorno passado não é garantia de rentabilidade futura — vários fatores podem provocar volatilidade no portfólio. Outra coisa importante: no plano oferecido, independentemente da rentabilidade do fundo que está associado à sua previdência, a empresa está fazendo uma contrapartida do mesmo valor de sua contribuição até o limite de 4% do seu salário. Para exemplificar, imagine que o teto de 4% do seu salário represente R$ 250, a empresa contribui com o mesmo valor.

Leve em consideração que a empresa está demonstrando cuidado com o seu futuro, está investindo em uma relação de longo prazo. O desconto direto em folha disciplina o seu investimento, assim, não tem como você esquecer. Analise o contrato, veja as regras de saída, prazo de contribuição mínimo para garantir o complemento da empresa em caso de demissão voluntária e involuntária.

Normalmente, os planos limitam a contribuição da empresa, não a sua, e, se for o caso, lembre-se que, por se tratar de PGBL, você pode abater os valores contribuídos em previdência privada no imposto de renda no limite de até 12% da renda bruta tributável anual, desde que faça a declaração no modelo completo.

Verifique nos planos oferecidos pela empresa quais são os percentuais de renda fixa e variável de cada carteira e associe ao seu perfil de aceitação de risco, prazo de investimento e adequação aos seus objetivos. Se observando esses detalhes as rentabilidades ainda são um desconforto a sua tomada de decisão, busque outros planos como alternativa de produtos com melhor rentabilidade de maneira a completar até chegar ao limite máximo dos 12% possíveis de abatimento no IR.

Paula Sauer é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP (Certified Financial Planner) concedida pela Planejar – Associação Brasileira dos Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected].

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 06 de junho de 2019

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