Consultório Financeiro

Vale a pena fazer investimento no exterior?

Tenho dupla cidadania e atualmente moro no Brasil. Vale a pena fazer investimentos no exterior? Quais são os riscos de investir no Brasil?

Tobias Maag, CFP®, responde:

Caro leitor,

Conforme já aprendemos cedo na vida, é mais prudente não colocar todos os ovos em uma só cesta. Sob esta ótica, pareceria indicado considerar a hipótese de não concentrar todos os seus investimentos em apenas um mercado, diversificando as aplicações de forma planejada e coerente.

Todavia, é o resultado que determinará se um investimento valeu ou não a pena, fato que só saberemos com certeza no momento do resgate ou do vencimento.

A exceção é quando houver razões que se sobrepõem ao critério do ganho financeiro, como, por exemplo, a de constituir reserva financeira em determinada moeda.

Valer a pena depende também das alternativas e, em especial, da sua realidade e objetivos. Portanto, é fundamental tomar decisões calcadas em um planejamento financeiro holístico.

Enquanto um dos principais argumentos a favor de investimentos no Brasil parecem ser as taxas de juros reais comparativamente atrativas, assim como outras oportunidades inerentes a negócios nos mercados emergentes, onde o copo parece ainda estar só meio cheio, é importante lembrar que cada medalha tem dois lados. A contrapartida da oportunidade são os riscos inerentes.

Para você que atualmente reside no Brasil, investir no exterior pode ser um atrativo em função da diversificação dos riscos e participação em outras oportunidades. Mercados mais maduros podem oferecer maior estabilidade social, econômica e política, liquidez e leque de alternativas. Se já prevê compromissos financeiros em outra moeda, como para custear os estudos de filhos ou regresso para o país da sua outra cidadania, pode também servir para dirimir o risco cambial inerente.

Caso planeje mudar o seu centro de vida futuramente, avalie o impacto sobre obrigações tributárias, jurídicas, administrativas ou de outra natureza. No caso de diversificação internacional, isso pode ganhar contornos especialmente impactantes.

Quanto aos riscos no universo dos investimentos financeiros, este reflete a possibilidade de, no futuro, você não alcançar aquilo que esperava no momento em que decidiu comprar ativos.

Analise cada alternativa pelo prisma do risco de mercado, da liquidez, do crédito específico, do risco político e dos aspectos operacionais e legais.

Na diversificação internacional, o risco cambial também pode ser um fator determinante. Você já definiu a sua “moeda de referência”, ou seja, aquela na qual computa os seus lucros e perdas?

Sugiro também avaliar alternativas eventualmente existentes para atingir um mesmo objetivo.

Parece razoável presumir que o investimento que sinalize um retorno superior, potencialmente ofereça maior risco em relação ao outro, pelo menos num dos critérios acima mencionados. Ninguém lhe promete retorno maior do que a média sem algum motivo. Entenda antes de fazer qualquer investimento.

A diversificação pode contribuir para diminuir a exposição a uma ou determinada característica de risco ou o conjunto delas. Lembre-se, todavia, que essa também tem o seu custo e contrapartidas, como por exemplo limitar potenciais ganhos. Resultados passados nunca são uma garantia para resultados futuros!

Seja lá o que decidir, espero que esteja alinhando com suas expectativas e planejamento da sua vida financeira, e lhe desejo muito sucesso.

Tobias Maag é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected].

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 06 de março de 2019

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