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Vale a pena ter dinheiro em contas no exterior?

Lívia Sambrana, CFP®, responde:

Antes responder a essa pergunta, daremos alguns passos para trás para entender um pouco de economia, produtos de investimento e risco. A economia é um conjunto de atividades que visa à produção, distribuição e consumo de produtos e serviços. Uma pessoa, uma empresa ou um país têm capacidade de produção, e essa produção tem um valor. Numa economia em que a capacidade de produção é saudável e constante, com indivíduos produzindo, distribuindo e consumindo, tudo se equilibra e cresce continuamente. Na prática, nem sempre isso funciona, por diversos fatores, e é isso que diferencia países desenvolvidos e em desenvolvimento/emergentes = Brasil.

O Brasil tem características bem próprias e em desenvolvimento. Acompanhamos diversas altas e baixas de taxa de juros a fim de controle de inflação por conta da falta de produção, entre outros fatores. Lembrando:  produção, distribuição, consumo – sem produção não há valor. Muitas vezes, não são outras moedas que se valorizam frente ao real, mas sim o real que se desvaloriza frente a outras moedas. O risco de investir somente no Brasil é manter tudo em uma moeda que pode estar desvalorizada, resultado de uma economia emergente. Os produtos de investimentos disponíveis aqui no Brasil cumprem regras do regulador local, e essas regras não são “globalizadas”. Tanto em renda fixa quanto em renda variável, a escolha dos investimentos quase sempre leva em consideração as condições do cenário local e o perfil dos investidores locais. Para se escolher um produto de investimento, um planejador financeiro deve ser consultado, e as perguntas básicas são: Para onde o dinheiro está indo? Qual o prazo de resgate/liquidez e o risco? Escolhendo-se produtos de investimentos somente no Brasil, um dos riscos é somente o Brasil.

As instituições financeiras distribuidoras de produtos de investimentos oferecem renda fixa e renda variável via títulos, fundos, ações, entre outros investimentos alternativos. Algumas instituições estão autorizadas a oferecer produtos de investimentos fora do Brasil. O profissional autorizado a recomendar esses investimentos poderá detalhar as opções e o operacional desses produtos, bem como abertura de conta em outro país ou não, envio de dinheiro para fora ou não e, especialmente, prazo de resgate/liquidez e risco. É bem importante entender que o risco não é somente um. Considere o valor da moeda do país, projeções econômicas e o ativo que está sendo comprado, assim como, no Brasil, títulos, fundos, ações ou investimentos alternativos.

Dito tudo isso, em investimentos, a recomendação é diversificar, e essa diversificação se aplica para as diferentes economias e os diferentes produtos de investimento e riscos. De acordo com o Fundo Monetário Internacional, aproximadamente 25% da produção mundial é dos Estados Unidos, que fica em primeiro lugar no ranking global. O Brasil aparece em décimo segundo lugar em 2022. Em resposta à pergunta do leitor, a sugestão é estudar outras economias para diversificação dos recursos, sim.

O planejador financeiro certificado é o profissional capacitado para orientar sobre planejamento financeiro pessoal, produtos e investimentos, indicar onde e como investir e acompanhar toda e qualquer mudança de perfil do investidor ou do cenário.

Lívia Sambrana é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões da autora, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]


Texto publicado na Revista Época em de 07 novembro de 2023.

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