Vou viajar em dois meses, quando devo comprar dólar?
Bruno Mori, CFP®, responde:
É importante organizar bem o orçamento de uma viagem ao exterior. Comprar moeda estrangeira para custear as despesas costuma gerar algumas dúvidas e vale a pena destacar dois aspectos desta etapa: o planejamento e os custos.
Do ponto de vista do planejamento das despesas, o ideal é detalhar com a maior precisão possível a programação da viagem. Depois de revisar o cronograma, faça uma estimativa do valor necessário em moeda estrangeira. Leve em consideração todas as despesas do dia a dia, do começo ao fim da viagem. Não se esqueça de colocar despesas com alimentação, presentes, passeios, etc.
Após obter o valor total aproximado (na moeda estrangeira), faça a conversão para reais com a taxa de câmbio do dia deste exercício.
É muito difícil prever o melhor momento para comprar os dólares, por isso a recomendação é ganhar eficiência de outra forma. Em primeiro lugar, compare preços entre as casas de câmbio. Em alguns casos, a diferença entre um local e outro é relevante. Acompanhe a cotação da moeda e procure dividir a compra do valor necessário em três ou quatro vezes. Assim, o risco da variação cambial fica “diluído”. Faça uma conta rápida com diferentes taxas de câmbio e verifique a diferença em reais entre elas só para ter uma ideia do tamanho do “risco” financeiro da variação cambial.
Outro aspecto importante sobre os custos é a tributação da operação de compra da moeda estrangeira. Pode-se comprar moeda para turismo basicamente de três formas: espécie, cartão de débito pré-pago e cartão de crédito. As compras de moeda em espécie pagam 1,1% de IOF, enquanto as compras em cartão pré-pago e cartão de crédito pagam 6,38% de imposto. É recomendado fazer a conta do valor por operação porque algumas casas de câmbio vendem a moeda em espécie a uma taxa mais alta se comparada à taxa do cartão pré-pago — além de cobrarem uma taxa administrativa fixa por operação.
Do ponto de vista do risco cambial, o cartão de crédito é o mais arriscado. Muitos bancos fazem um ajuste da variação cambial na fatura seguinte ao mês das despesas. De uma forma geral, isso acontece porque as despesas pagas no dia a dia da viagem no exterior (com o cartão de crédito) acabam sendo efetivamente pagas pela operadora do cartão de crédito apenas no dia de fechamento da fatura. Sendo assim, entre a data de uso do cartão e a data de fechamento da fatura, a taxa pode variar desfavoravelmente. Vale a pena observar também se a taxa de câmbio efetivamente paga pelo cartão de crédito está condizente com o valor de mercado na data de fechamento da fatura.
É recomendável programar a divisão das despesas entre espécie, cartão de débito pré-pago e cartão de crédito, reservando o uso do cartão de crédito para situações imprevisíveis e não programadas — como forma de segurança.
Procure não deixar a compra dos dólares para a última hora. A urgência e a necessidade podem custar mais caro, especialmente nas casas de câmbio dos aeroportos. Para comparar taxas, buscar boas alternativas e estar seguro de que a moeda estrangeira tem origem lícita, busque informações no site e aplicativo “Câmbio Legal” do Banco Central.
Bruno Mori é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].
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Texto publicado no site Época Negócios em 24 de julho de 2018.