Consultório Financeiro

Afinal, os juros estão altos ou baixos?

Tenho lido nos jornais que os juros vêm subindo já há alguns meses. No entanto, quando leio alguns artigos sobre investimentos de longo prazo, como previdência, é dito que a época dos juros altos já passou e que precisamos nos acostumar com rendimentos mais baixos. Afinal de contas, os juros estão subindo ou descendo? E, conforme a resposta, onde é melhor investir?

Leticia Camargo, CFP®:

Os juros estão subindo ou caindo afinal? Posso lhe dizer que nem uma afirmativa está errada nem a outra! Depende só do referencial, ou seja, do período de comparação. 

É fato que os juros vêm subindo nos últimos meses e isso está sendo bastante noticiado pela mídia em geral. Desde abril de 2013, o Banco Central alterou sua política monetária, procurando ser mais restritivo para tentar controlar a inflação. Então, quando você lê que os juros estão subindo nos últimos meses, é a mais pura verdade. 

Porém, se formos comparar as taxas de juros atuais com aquelas de 15 ou 20 anos atrás, as de hoje estão num patamar muito abaixo do que naquele período, quando chegaram a ser de 45% ao ano (em março de 1999)! 

Há ainda um outro ponto importante: para a análise da rentabilidade de seu portfólio, com intuito de aumentar seu patrimônio no longo prazo, o que importa mesmo não é a taxa de juros nominal, aquela que é determinada pelo Copom, mas sim a taxa de juros reais da economia, ou seja, a que vai rentabilizar seus investimentos acima da inflação. 

Durante os anos 90, a taxa de juros reais média (acima da inflação) estava em torno de 20% ao ano e nos anos 2000 ela beirava os 10% ao ano. De lá para cá, esteve em 5% ao ano nos anos de 2010 e 2011. Caiu para menos de 2% ao ano no fim de 2012 e início de 2013 e agora já está em 5% ao ano novamente.

O que podemos esperar a partir de agora? 

Como a economia do Brasil está muito melhor agora do que antes do Plano Real, que está completando 20 anos em 2014, acreditamos que a tendência é que as taxas reais não cheguem mais a patamares de 10% ou 20% ao ano como ocorreu no passado e que agora teremos que nos acostumar aos juros reais de um dígito apenas. 

Considerando que em vários dos países desenvolvidos as taxas de juros reais chegam a ser até negativas e esperando que as taxas de juros no Brasil continuarão nestes patamares mais baixos, fica cada vez mais difícil acreditarmos que apenas aplicando no CDI teremos boas rentabilidades para nossa carteira. 

Mas então, como você deverá compor sua carteira de investimentos com base nisso? Ao escolher os ativos para o seu portfólio, você poderá diversificar entre várias classes de ativos: DI, renda fixa, produtos atrelados à inflação, fundos multimercados, fundos imobiliários e ações. 

Uma carteira de investimentos diversificada será importante para diluir seus riscos em busca de uma rentabilidade mais atraente, tanto de acordo com seu perfil de investidor, quanto com seu horizonte de investimentos. 

O melhor investimento para você vai ser aquele que melhor se adequar a essas premissas. 

Lembre-se de que é importante manter uma reserva de emergências de 6 a 12 vezes seus gastos mensais em produtos conservadores e com bastante liquidez para fazer frente aos imprevistos. 

E, se ainda tiver dúvidas, procure a ajuda de um especialista que poderá lhe orientar de maneira mais detalhada nesta empreitada!

Leticia Camargo é economista, planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP (Certified Financial Planner) concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 14 de abril de 2014.

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