Casal de dentistas quer aprender a poupar mais
Minha mulher e eu somos dentistas e trabalhamos como autônomos no mesmo consultório. Nossa renda mensal gira em torno de R$ 15 mil. Chegamos à conclusão de que temos guardado muito pouco em relação ao quanto trabalhamos. O que fazer para mudar essa situação?
Sylvia Renata Aragão Nunes, CFP®:
Antes de qualquer coisa, gostaria de parabenizar vocês por terem identificado que não vêm fazendo economias compatíveis com o esperado, dado o volume de trabalho a que estão expostos.
Para que esta realidade seja modificada, será necessário que o casal passe junto por algumas etapas. A principal delas, em minha opinião, é o levantamento da capacidade de poupança do casal, isto é, o total de recebimentos ou entradas menos o total de despesas ou saídas. A partir desse ponto, passarão a ser conhecedores do quanto potencialmente podem economizar.
Dado que ambos são dentistas, é importantíssimo que seja avaliada a existência de sazonalidade das entradas. Caso haja, uma solução a ser adotada pode ser a anualização tanto das entradas quanto das saídas.
Para tal, a sugestão é avaliar o ano anterior, somando todas as entradas e saídas dos 12 meses do ano. Dessa forma, serão tratadas tanto a sazonalidade dos recebimentos quanto as despesas que não são fixas ou mensais, tais como IPTU, IPVA, seguro e manutenção do carro e manutenções feitas em casa.
Num segundo momento, será necessário avaliar os custos que o casal vem tendo e segregá-los entre custos fixos e custos variáveis. Nesse processo, será importante avaliar ainda quais dessas despesas poderiam ser reduzidas ou eliminadas. Exemplos dessas possíveis reduções são: saídas para jantar, presentes de aniversário e viagens. Não estou falando de cortes radicais ou de deixar de aproveitar a vida e participar de eventos sociais, mas de entender que parcela do valor gasto é inevitável e que parcela pode ser repensada e reduzida.
Uma vez feita essa análise e identificada a capacidade de poupança, o casal deve começar a desenvolver a disciplina da poupança. Isto é, traçar metas reais de economias mensais e de forma compromissada, separar parte da renda e poupá-la.
Para que seja feito um acompanhamento e vocês estejam de fato juntos e motivados nesse projeto, minha dica é que mensalmente vocês comparem a meta traçada com o que efetivamente conseguiram economizar. A utilização de um gráfico ajuda bastante, pois torna a comparação visualmente mais clara para quem não tem tanta familiaridade com os números. É fundamental que haja equilíbrio entre a necessidade de ter economias e aproveitar a vida, com o que ela pode nos dar de melhor.
Em função de ambos serem profissionais autônomos, é fundamental que as contribuições ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) sejam feitas com regularidade, mensalmente, para que tenham a garantia de uma renda após suas aposentadorias. Além da previdência oficial, é recomendado que façam também contribuições para um plano de previdência privada. Apesar dessas contribuições não serem obrigatórias, o fato de serem mensais e de haver a possibilidade de que as contribuições sejam feitas de forma sistemática por meio de débito em conta corrente, fazem com que sejam facilitadoras do processo de desenvolvimento da disciplina da poupança.
A etapa que conclui esse processo é a contratação de um especialista em investimentos que poderá orientá-los, de forma técnica, a respeito da seleção das opções de investimentos, considerando o perfil do casal e o montante das economias realizadas até o momento. No caso de previdência privada, o especialista poderá orientá-los sobre o tipo de produto e regime tributário a ser escolhido.
Sylvia Renata Aragão Nunes é Planejadora Financeira Pessoal e possui a Certificação CFP (Certified Financial Planner) concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]
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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 26 de novembro de 2012.