Como as ondas de calor podem afetar suas finanças e como evitar que isso ocorra?
Adriana De Lucca, CFP®, responde:
Como as ondas de calor podem afetar suas finanças e o que evitar para que isso não ocorra?
A pergunta do leitor é muito interessante e está em linha com as discussões atuais sobre sustentabilidade, o conceito de ASG (Ambiental, Social e Governança) e o impacto dos últimos desastres ambientais em todo o mundo, inclusive no Brasil.
As ondas de calor vividas em 2023 e no início de 2024 fazem parte de um conjunto de eventos associados ao fenômeno El Niño e às mudanças climáticas, causando diversos transtornos para as populações atingidas e potenciais prejuízos financeiros individuais e ao sistema financeiro como um todo.
A ação dos seres humanos sobre a natureza, ocorridas a partir da revolução industrial e intensificada nas últimas décadas, levou ao aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera provocando a elevação na temperatura média global. Entretanto, o aquecimento global não se restringe às ondas de calor, mas engloba um conjunto de fenômenos climáticos extremos, que vem ocorrendo de forma mais frequente e mais intensa nos últimos anos, associados ao uso não sustentável dos recursos naturais, poluição e desequilíbrio ambiental.
A lista de eventos associados às mudanças climáticas inclui tempestades, incêndios de grandes proporções, secas e desertificação, tornados, ciclones, inundações, alagamentos, enchentes e, consequentemente, deslizamento de terra, descargas elétricas atmosféricas e, ao contrário do que se poderia imaginar, até nevascas fazem parte desse rol. Sendo assim, esses eventos podem afetar as finanças das pessoas, empresas e governos de inúmeras maneiras, cabendo a cada um pensar quais os maiores riscos a que se está sujeito e adotar as medidas necessárias para minimizar danos e prejuízo financeiro.
Por exemplo, ondas de calor tendem a provocar elevação dos gastos das famílias, especialmente com despesas de energia, em função do uso prolongado de aparelhos de ar condicionado, ventiladores, geladeiras etc. Se o consumidor quiser o conforto térmico sem sustos na conta pode instalar painéis solares, cujo custo de aquisição e instalação será compensado pela economia nas despesas de energia no longo prazo, além de ser mais ambientalmente mais sustentável.
Já a produção agrícola depende diretamente do equilíbrio ambiental. Secas, inundações, excesso de calor e geadas podem levar à grandes perdas na produção de alimentos. Com a redução na oferta de mercadorias virá o aumento de preços ao consumidor final.
Inundações, alagamentos, enchentes e outros eventos dessa natureza podem causar prejuízos diretos com danos e destruição do patrimônio físico e dos recursos materiais nas áreas afetadas.
Em relação aos danos patrimoniais causados por desastres naturais, os prejuízos podem ser mitigados com a contratação de seguros como o residencial, de automóveis etc. Entretanto, é importante destacar que muitos destes eventos não fazem parte das coberturas padrão desses seguros, portanto, é fundamental analisar todas as condições da apólice, como as coberturas, os limites de indenização contratados, os riscos excluídos e se existe a necessidade de contratar coberturas adicionais para esses riscos.
Ainda nessa linha, um aspecto que não pode ser ignorado são as vidas perdidas nessas catástrofes naturais. O que irá ocorrer com a família se seu principal provedor falecer repentinamente? A contratação de um seguro de vida pode ser muito bem-vinda, novamente observando as coberturas e os riscos excluídos da apólice. A lista de assistências que acompanham diversas modalidades de seguros também pode ser de grande ajuda em emergências e adversidades.
Em geral, os desastres naturais podem trazer danos em cascata na economia, afetando cada um dos agentes econômicos de formas diferentes, dentre as quais podemos citar o aumento generalizado de preços, interrupções em serviços, incapacidade de manutenção das atividades econômicas e laborais etc. Para passar por estes momentos de crise da forma menos traumática possível é fundamental ter uma reserva de emergência. O valor dessa reserva varia de acordo com diversos parâmetros, mas sempre deve ser aplicado em investimentos com baixo risco e alta liquidez, como Tesouro Direto, CDB, fundos de investimento, etc., em especial, aqueles de renda fixa referenciada ao CDI e com baixas taxas de administração.
Agora cabe ao leitor, e a todos nós, identificar quais os maiores riscos que podem afetá-lo e quais as alternativas para mitigar esses riscos e reduzir potenciais prejuízos
Adriana De Lucca é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]
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Texto publicado no site Época Negócios em 23 de Abril de 2024