Como diversificar os pequenos investimentos?
Tenho 22 anos e alguns objetivos de médio (cursar um MBA) e longo prazo (comprar um apartamento). Neste momento, disponho de R$ 4 mil para iniciar um investimento. Mensalmente, posso poupar R$ 400. Já aplico em previdência privada pela companhia na qual trabalho. Não sei como diversificar meus investimentos.
Fredy Tavares, CFP:
Suas escolhas dependem de variáveis como prazo e valores para investimento. O prazo é importante porque, além do ganho fiscal obtido pela redução do Imposto de Renda (IR) para investimentos de longo prazo, há o ganho dos juros compostos, o conhecido “juros sobre juros”. O volume poderá abrir as portas de investimentos com menores custos e, portanto, melhores retornos finais.
Como o montante inicial é baixo, deve-se montar uma estratégia que permita o acúmulo de recursos até que seja possível, se viável, trocar de aplicação, buscando melhores alternativas. Além disso, é fundamental ter em mente que não existe “o melhor investimento” ou uma carteira de investimento atemporal.
Com a atual queda da taxa de juros e a perspectiva de mais reduções no futuro, a caderneta de poupança torna-se uma boa opção para os pequenos investidores por três fatores: 1) a isenção de Imposto de Renda; 2) investimentos de pequeno valor; 3) rentabilidade mínima garantida (0,50% ao mês mais a variação da TR).
Com esse panorama favorável, o ideal é verificar em seu banco as alternativas de fundos (DI e renda fixa) e as taxas de Certificado de Depósito Bancário (CDB) para os valores mensais. Compare os retornos com os da poupança considerando um IR simulado de 15%, já que a intenção é uma aplicação de longo prazo. O mesmo vale para os títulos do governo, mas, nesse caso, considerando as despesas de manutenção (custódia) cobradas pelas corretoras. No atual cenário e para pequenos investidores, a poupança deverá se mostrar mais atraente.
Essas são alternativas para aplicações de baixo risco, mas também há espaço para operações mais arriscadas, já que o horizonte de investimento, segundo parte dos objetivos, é longo. Nesse caso, os fundos de ações em empresas com histórico de pagamento de dividendos são opções interessantes, alocando no máximo 20% do patrimônio.
Aproveitando a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que garante até R$ 70 mil por CPF em caso de quebra do banco, o investidor também tem acesso aos títulos emitidos pelos pequenos bancos. Dessa forma, terá acesso aos CDBs e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) com remunerações bastante interessantes, permitindo uma boa diversificação e com risco controlado.
Ao se aproximar a data de utilização dos recursos, as migrações devem ser evitadas, uma vez que, mesmo que o novo produto possa apresentar melhor performance, o IR de curto prazo evitará maior ganho final para o investidor. A exceção são os produtos isentos de IR, mas deve-se atentar para as eventuais carências que esses produtos possam exigir.
É interessante manter as aplicações em previdência privada. Caso utilize o modelo completo de declaração do IR, o PGBL mostra-se mais adequado, já que há dedução do IR a pagar até o limite de 12% da renda bruta. Em caso de modelo simplificado, a aplicação deve ser em VGBL. Esses deverão ser recursos de longo prazo, com foco na aposentadoria, especialmente se o plano oferecido pela empresa apresentar incentivos como aplicação complementar a suas contribuições.
Resumindo, a melhor alternativa para os conservadores é alocar a totalidade dos recursos na caderneta de poupança. Ou a combinação da poupança com títulos ofertados pelos bancos menores. Uma alternativa mais arrojada é aplicar até 20% em fundos com ações de empresas com bom histórico de pagamento de dividendos.
De tempos em tempos, é importante analisar a performance das aplicações, balanceando os valores e sempre comparando os rendimentos ofertados por fundos, bancos e pelo Tesouro Nacional.
Fredy Tavares é Planejador Financeiro Pessoal e possui a Certificação CFP (Certified Financial Planner) concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]
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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 30 de abril de 2012.