Como escolher as ações mais adequadas e rentáveis?
“Tenho algum recurso para investir e gostaria de investir tal valor em ações. É imprescindível, neste momento, ter postura conservadora? Como escolher as opções de ações mais adequadas e rentáveis?”
Marcelo Lara Nogueira, CFP®, responde:
Essas perguntas certamente passaram pela cabeça dos mais de dois milhões de investidores brasileiros que, pela primeira vez, investiram em ações nos últimos dois anos.
A recente migração de investidores para as plataformas de investimentos e a queda na taxa SELIC foram os grandes catalisadores desse movimento. Seduzidos pela saudável diversidade na oferta de produtos e guiados pela expectativa de maiores retornos, eles encontraram um ambiente adequado para diversificar seus investimentos.
Faz parte da composição de uma carteira de investimentos diversificada a alocação em ações. Esse investimento pode ser feito diretamente, comprando ações, ou através de fundos. O investimento direto requer que o investidor escolha cada uma das ações e as acompanhe ao longo do tempo para determinar o momento de vendê-las. Ao investir em um fundo de ações, o investidor delega a decisão a um gestor profissional.
Caso o caminho escolhido seja o investimento direto em ações, o investidor deve estudar cada ação antes de investir. Para isso pode ler relatórios de análise produzidos por corretoras ou empresas independentes e notícias relacionadas, e fazer análises sobre a empresa. As escolas mais conhecidas são as das análises fundamentalista e técnica.
A análise fundamentalista se baseia nas projeções de resultados da empresa para determinar o preço justo de cada ação. Analisa os balanços e as demonstrações de resultados e projeta o que acontecerá no futuro. A análise de múltiplos compara indicadores financeiros de empresas do mesmo setor. Já a análise técnica ou grafista estuda a evolução do preço de uma ação e determina padrões estatísticos que tendem a ocorrer novamente. Outro ponto a que o investidor deve se atentar é a diversificação da carteira de ações, com o objetivo de maximizar o retorno e minimizar o risco através da correlação de ativos.
Os primeiros passos ao investir em um fundo são a escolha do gestor e o entendimento de sua estratégia. O fundo poderá ter gestão ativa ou passiva. Deve-se também atentar-se às taxas de administração e de performance cobradas; fundos com gestão passiva costumam ter os menores custos.
Independentemente de o investimento ser feito diretamente em ações ou através de um fundo, possui risco e este deve ser entendido. É possível montar uma carteira de ações ou investir em um fundo que tenha maior ou menor risco que o IBOVESPA, principal indicador de desempenho das ações na bolsa brasileira, em linha com o perfil mais arrojado ou conservador de cada investidor.
Levando em consideração os pontos acima, o investidor deve ter postura conservadora ao escolher e dimensionar o investimento a ser feito e lembrar que, antes de investir, deve ter em mente a constituição de sua reserva de emergência para fazer frente a gastos inesperados e cobrir alguns meses de suas despesas. Esses recursos devem ser poupados em um instrumento com liquidez imediata, que pode ser o Tesouro SELIC, diretamente ou através de um fundo, ou um título de instituição financeira de primeira linha indexado à SELIC ou ao CDI.
Devido à diversidade de opções e à complexidade dos riscos envolvidos, é recomendável ao leitor buscar a ajuda de um planejador financeiro certificado CFP, que irá orientá-lo para que suas decisões de investimento estejam alinhadas a seus planos de vida e a seu perfil pessoal.
Marcelo Lara Nogueira é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. Email: [email protected]
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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 02 de agosto de 2021.