Gastei minha reserva de emergência. Como voltar a criá-la?
Marcelo Henriques de Brito, CFP®, responde:
Para enfrentar imprevistos adversos, a reserva de emergência deve ser dimensionada para não ser tão pequena a ponto de ser facilmente exaurida. Por outro lado, não deve ser excessiva, pois, em geral, são baixos os rendimentos financeiros esperados das aplicações em que os recursos devem estar acessíveis, sem ameaças de perdas e sem estarem sujeitos às oscilações de mercado.
Planeje tanto o tamanho adequado da reserva de emergência quanto o prazo provável para alcançar o tamanho desejado. Tal planejamento decorre de reflexões pragmáticas que devem considerar fatos passados, circunstâncias atuais, sua situação financeira e seu perfil psicológico.
Compreenda o porquê de a reserva financeira anterior ter sido exaurida: Foram eventos externos atípicos que causaram desembolsos maiores do que o planejado? Houve descontrole de gastos? Ocorreu alguma redução inesperada ou súbita de renda? Foi inevitável ou incontrolável a rapidez do declínio da reserva de emergência?
Uma avaliação de fatos passados deve fornecer subsídios para o planejamento da reserva de emergência, incluindo metas a focar e condutas a ajustar. Todavia, as circunstâncias mudam e os fatos passados podem não se repetir da mesma forma no futuro. Assim, identifique os fatores atuais e prováveis que poderiam favorecer ou prejudicar a formação e a manutenção da reserva financeira.
O tamanho e as perspectivas de mudança dessa reserva de emergência dependem do patrimônio acumulado e sobretudo do padrão de vida. Um estilo de vida que não seja financeiramente sustentável pode acelerar o declínio da reserva de emergência e até depauperar um patrimônio conquistado. Gastos exorbitantes diante de rendimentos pífios decorrem, muitas vezes, de descontroles que refletem aspectos psicológicos.
Uma avaliação de perfil psicológico deve detectar os impactos do predomínio da emoção ou da razão sobre a tomada de decisões financeiras. Há pessoas que dificilmente conseguem conter sua espontaneidade emocional, enquanto outros indivíduos já são capazes de decidir e agir de forma racional sempre que necessário. Essa capacidade favorece a disciplina para poupar de forma sistemática em sintonia com o planejamento para reconstituir a reserva de emergência.
O montante necessário deve ser aquele que possibilite honrar todos os gastos regulares ou inesperados na falta de proventos durante determinado período. Por exemplo, durante o período em que cessarem recebimentos de salários, rendas de aluguéis ou aposentadorias, a reserva de emergência possibilitará pagamentos relevantes como alimentação, moradia, saúde e educação.
Cabe estimar durante quanto tempo poderia haver uma interrupção daqueles proventos que seriam usados para honrar um conjunto de desembolsos presumidos. Sugere-se em geral que uma reserva financeira possa honrar todos os desembolsos necessários por pelo menos seis meses. Esse período também depende muito do seu perfil psicológico para alterar padrões de consumo de forma transitória ou emergencial, enquanto não for possível normalizar nem ampliar o recebimento de proventos, o que pode depender de condições externas e fora do seu controle.
Avalie também um prazo factível para agora recompor a sua reserva de emergência. Esse prazo depende da sua capacidade de poupar, incluindo priorizar e eliminar gastos, encontrar fontes alternativas de renda e evitar endividamentos.
Implemente um procedimento simples para acumular gradualmente os recursos e mantê-los disponíveis com alta liquidez e baixo risco financeiro. Não faça alocações em investimentos com maior risco. Uma opção para a reserva de emergência é a caderneta de poupança, que http://getzonedup.com/ oferece simplicidade nas aplicações e facilidade nos resgates, ausência de quaisquer tributos e taxas de administração e proteção pelo fundo garantidor de crédito até determinado limite por CPF em uma instituição financeira. A dispersão de depósitos em datas diferentes contribui para que haja uma data de aniversário próxima ao resgate que eventualmente venha a ser necessário.
Estabeleça um hábito de direcionar recursos para a reserva de emergência. No livro “O Poder do Hábito”, Charles Duhigg explica com exemplos a relevância do hábito. Uma rotina executada com disciplina e de forma autopropulsora contribui para reconstituir uma reserva de emergência eficaz, em sintonia com o ditado “de grão em grão, a galinha enche o papo”.
Marcelo Henriques de Brito é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]
As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.
Texto publicado no site Época Negócios em 03 de agosto de 2021.