Como evitar o excesso de dívidas?
Elder Campi, CFP®, responde:
O endividamento é uma realidade para muitos brasileiros. Para se ter uma ideia, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, através da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, o endividamento das famílias brasileiras aumentou e atingiu quase 79% dos lares em abril deste ano. Quando o endividamento se torna excessivo, pode levar ao superendividamento, uma situação em que a pessoa não consegue honrar suas dívidas sem comprometer suas necessidades básicas.
O que é superendividamento?
O superendividamento é diferente do endividamento comum. Enquanto o endividamento se dá quando a pessoa possui dívidas que comprometem suas receitas em um nível aceitável, de no máximo 30% da receita mensal, o superendividamento ocorre quando a pessoa não consegue pagar suas dívidas sem comprometer suas necessidades básicas.
O endividamento é uma situação financeira comum e pode ser saudável até certo ponto. Por exemplo, muitas pessoas têm dívidas que são gerenciáveis e não afetam significativamente sua qualidade de vida. Isso pode incluir dívidas como um empréstimo para a compra de uma casa ou um carro, que são consideradas dívidas “boas” porque, através delas, investe-se em ativos que podem aumentar de valor ao longo do tempo.
No entanto, o superendividamento é uma situação financeira muito mais séria. Ele ocorre quando uma pessoa tem tantas dívidas que não consegue pagar todas elas sem comprometer suas necessidades básicas, como alimentação, moradia e saúde. Isso pode acontecer por uma variedade de razões, incluindo desemprego, doença, divórcio ou simplesmente má gestão do dinheiro.
Recorrer a novas dívidas para pagar dívidas existentes pode ser um sinal de superendividamento. Isso pode incluir a contratação de empréstimos mais caros, recorrer a amigos ou familiares ou antecipar benefícios, como o 13º salário ou a restituição de imposto de renda.
Pagamento mínimo do cartão de crédito ou abaixo do total da fatura do cartão de crédito é outro sinal de superendividamento. Os juros dos cartões de crédito são altos e podem levar a uma bola de neve de dívidas.
Contrair empréstimos pessoais sem objetivos claros, como a aquisição de bens que aumentarão seu patrimônio, pode ser um sinal de superendividamento.
Se você está constantemente preocupado com dinheiro, procurando empregos que pagam mais, ou perdendo o sono por causa de suas finanças, isso pode ser um sinal de que você está a caminho do superendividamento.
Como evitar o superendividamento
Ter um controle total de seus gastos e receitas é essencial. Planeje e categorize suas despesas e receitas, e lembre-se de incluir despesas que podem ser esquecidas, como seguro do carro, impostos, materiais escolares, entre outras despesas anuais que acabamos nos esquecendo de prever no orçamento.
Reserve um valor mensal para uma reserva de emergência. Essa reserva deve representar, no mínimo, seis meses das suas despesas mensais, e deve estar guardada em um investimento de fácil e rápido acesso, além de seguro.
Aprender sobre finanças pessoais é fundamental para evitar o superendividamento. Isso inclui entender como funcionam os juros, como gerenciar um orçamento, como economizar para a aposentadoria e como investir de maneira inteligente. Existem muitos recursos gratuitos disponíveis online, bem como livros e cursos que podem ajudar a melhorar sua educação financeira.
Se você perceber algum desses sinais de superendividamento, é importante procurar ajuda de um profissional de planejamento financeiro ou de uma instituição financeira confiável, como o Banco Central ou a CVM. Lembre-se, o primeiro passo para sair do superendividamento é reconhecer o problema e buscar ajuda.
Elder Campi é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]
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