Consultório Financeiro

Como investir de forma recorrente e automática?

Fui convencido de que mais importante do que investir é fazer isso de forma recorrente. Queria saber se consigo agendar investimentos ou fazê-los em débito automático, em que modalidades posso fazer isso e como avaliar a forma mais vantajosa para mim sem perder rentabilidade.

Bruno Mori, CFP®, responde:

O hábito de investir periodicamente é muito saudável e, a longo prazo, é uma prática que cria riqueza e prosperidade. E, para fazer investimentos de forma recorrente, é importante saber o valor a ser aplicado e a frequência com que isso vai acontecer.

Tão importante quanto investir de forma recorrente é investir de forma sustentável: investir de forma que as aplicações não sejam resgatadas de tempos em tempos para o uso não planejado (ou programado) e investir com frequência uma quantidade de dinheiro que possa ficar em aplicações financeiras durante um longo prazo. A ideia é que cada nova aplicação gere mais juros para a carteira que está sendo formada. E um orçamento pessoal bem organizado ajuda a definir o valor que poderá ser aplicado ao longo do tempo.

Alguns investimentos podem ser agendados com antecedência. Os exemplos mais simples são as aplicações programadas em poupança e planos de previdência privada. No caso da poupança, é simples programar investimentos a serem debitados em conta corrente todos os meses. Basta escolher o valor e um dia para débito ao fazer a primeira aplicação (normalmente os bancos disponibilizam a opção de repetir a operação mensalmente).

Já a previdência privada deve ser estudada com mais cuidado. Nesse caso também é possível programar débitos em conta corrente mensalmente, mas antes é preciso definir (i) o tempo de contribuição, (ii) o valor da contribuição mensal, (iii) o fundo em que será feito o investimento (atenção aos diferentes níveis de risco) e (iv) a forma de tributação.

É importante ter em mente que, antes de falar em rentabilidade, é preciso formar uma reserva financeira que seja capaz de custear despesas pessoais (ou familiares) pelo período de três a doze meses, a depender da estabilidade da sua renda ou da facilidade de realocação no mercado de trabalho. Mais uma vez, o planejamento orçamentário é uma ferramenta importante. A aplicação financeira recomendada para essa finalidade deve ter baixo risco e liquidez imediata. Esses recursos podem ser investidos em produtos como a poupança, o Tesouro Selic, fundos DI ou CDBs – desde que tenham liquidez. Para a formação dessa reserva, o débito automático em conta pode ser uma boa ferramenta. O objetivo principal desse dinheiro deve ser a segurança para imprevistos que podem acontecer, por isso a recomendação é evitar riscos.

Depois de formar sua reserva financeira (que trará segurança pessoal ou familiar), é possível buscar maior diversificação e melhor rentabilidade. A ideia de conseguir melhores rendimentos está diretamente relacionada a maiores riscos, por isso é importante conhecer os produtos de investimento e os riscos associados a cada um deles.

Buscar maiores rendimentos exige um pouco mais de dedicação. Normalmente eles não vêm de aplicações que podem ser programadas com antecedência sem o acompanhamento do investidor ou de um profissional dedicado a isso. E os investimentos que oferecem maior potencial de ganhos devem ser feitos com expectativa de longo prazo. Como é esperado que essas aplicações sofram maiores oscilações, não podem ser empregados nelas recursos necessários no curto prazo.

Para entender melhor os investimentos mais rentáveis, é preciso estudar e conhecer melhor o mercado. Se necessário, conte com a orientação de um profissional qualificado.

Bruno Mori é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 10 de janeiro de 2022.

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