Como investir para a aposentadoria?

Primeira etapa passa pela definição de um orçamento para o futuro, pensado a partir da idade que a pessoa estima ser ideal para desfrutar do capital acumulado

Alexandre Brito CFP®, responde:

O planejamento da aposentadoria é um dos temas mais relevantes dentro das finanças pessoais e deve fazer parte das preocupações dos investidores em relação ao seu futuro, estejam eles no Brasil ou em qualquer outra parte do mundo. Vale ressaltar que, quando se fala em aposentadoria, não se faz menção, necessariamente, a uma parada abrupta das atividades laborativas e profissionais, mas à capacidade de gerar uma renda passiva suficiente para garantir os gastos do futuro.

Para tanto, a primeira etapa de um planejamento de aposentadoria passa pela definição do orçamento do futuro, pensado a partir da idade que a pessoa estima ser a ideal para desfrutar do capital acumulado. Em países desenvolvidos, tem-se um orçamento em torno de 80% dos gastos correntes como parâmetro. Porém, é importante considerar pelo menos 100%, na medida em que alguns gastos diminuem, mas outras despesas aumentam, especialmente aquelas relacionadas à saúde.

O patrimônio-alvo a acumular no futuro será estabelecido com base na renda complementar, descontando as demais fontes de renda. Para isso, é recomendado utilizar uma medida conservadora para definir o objetivo de capital, sendo sugerida a métrica de IPCA + 5% a.a. Isso quer dizer que o capital acumulado, no momento da aposentadoria, será corrigido pela inflação ao longo dos anos, e que ele gerará uma renda estimada de 5% a.a., livre de impostos. Dessa forma, para chegarmos ao patrimônio-alvo seguindo essa metodologia, devemos dividir sua necessidade de renda complementar anual por 0,05. O resultado vai justamente responder qual o volume de capital necessário a acumular para que a pessoa receba, em sua aposentadoria, a renda passiva desejada, preservando o capital acumulado.

A questão seguinte que precisa ser considerada é quanto investir ao longo dos anos antes de chegar à idade planejada para a aposentadoria. As principais variáveis no período de acumulação são a expectativa de retorno da carteira (que vai estar atrelada ao perfil de risco com que o investidor tem capacidade para se expor) e o horizonte de investimento considerado. Nesse ponto, é relevante o trabalho do planejador financeiro ou do gestor de patrimônio para auxiliar na elaboração do plano de alocação, que, com base em uma projeção de fluxo de caixa, possibilitará estabelecer uma meta mensal de investimento, considerando o valor atual disponível para investir e as variáveis apontadas anteriormente.

Todo o processo de execução do planejamento da aposentadoria pode acontecer por meio de uma plataforma de previdência privada. Atualmente, é possível acessar bons produtos de gestores especializados. É importante, ainda, sinalizar que o investimento em previdência privada, uma das boas opções de que o mercado dispõe como forma de organizar a aposentadoria, oferece benefícios tributários e sucessórios interessantes para o investidor.

Alexandre Brito é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 17 de Outubro de 2022.