Consultório Financeiro

Como lidar com arrependimento após compra por impulso?

Alguns passos ajudam a nunca mais passar apuros com dinheiro

Alessandra Goltara, CFP®, responde:

Imagine a seguinte cena: você abre a fatura do seu cartão de crédito, dá uma olhada nas compras que foram feitas no último mês e grande parte delas você nem ao menos se lembra do que se trata. Ou pior, pode até ser que você se lembre, mas bate um arrependimento de ter comprado alguns itens, pois você não está tão certo assim acerca da necessidade ou da prioridade dessas aquisições. Esse comportamento é extremamente nocivo para a sua vida financeira, pois a fatura chega em um valor enorme, você se enrola para pagar, adia a realização dos seus sonhos e, mais uma vez, se vê em apuros com dinheiro.

Já aconteceu isso com você ou com algum conhecido? Provavelmente sim.

O arrependimento financeiro pode acontecer com compras de pequenos valores, como alimentos, roupas, sapatos e utensílios domésticos, mas também com produtos mais caros, como casas e carros, por exemplo.

A situação piora se levarmos em consideração a facilidade em adquirir produtos e serviços pelo celular: tudo está tão acessível, na palma das nossas mãos, a um clique de distância.

Segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 44% das compras realizadas pela internet são feitas por impulso, ou seja, sem planejamento financeiro. Tais compras são uma das causas do aumento do endividamento e da diminuição da qualidade de vida do brasileiro.

Sendo assim, para você lidar da melhor forma com o arrependimento financeiro e nunca mais passar apuros com o dinheiro, observe os cinco passos a seguir:

1)    Reflita por alguns minutos diante de uma nova aquisição. Perguntas para se fazer: realmente esse item é necessário agora? Tenho dinheiro para comprar sem entrar em um novo endividamento? Já tenho algo parecido? Com qual frequência vou usar isso? Consigo obter um produto semelhante, com mesma qualidade e de menor valor? Ter esse posicionamento ajuda a tomar consciência sobre nossas atitudes e pode evitar desperdício de dinheiro.

2)    Saiba identificar em quais situações você se sente mais vulnerável a realizar compras impensadas. Substitua esse comportamento por outros igualmente prazerosos. Que tal fazer uma caminhada ou tomar um cafezinho?

3)    Tenha metas claras, prioridades e necessidades mapeadas. Dessa forma, a chance de cair em uma tentação diminui.

4)    Faça seu planejamento financeiro. Tenha clareza sobre suas receitas e despesas. Decida qual a melhor maneira de alocar seus recursos para suprir suas necessidades básicas do presente e do futuro e realizar seus sonhos. Ajuste seu padrão de vida a sua realidade financeira.

5)    Constitua uma reserva para emergências. Parte do seu orçamento deve ser direcionado a investimento de alta liquidez, como os Certificados de Depósito Bancário (CDBs). Esse é um exemplo de investimento com alta disponibilidade, ou seja, permite resgates imediatos a fim de honrar os compromissos inesperados. Ter essa reserva vai diminuir a possibilidade de você se endividar no cartão de crédito ou no cheque especial, aumentando sua saúde financeira.

Os passos elencados acima não são exaustivos. Conte com a presença de um planejador financeiro CFP, que certamente vai auxiliá-lo na estruturação e implementação de seu planejamento financeiro e, assim, te ajudar a ter uma vida mais plena com a administração de seus recursos de uma forma inteligente.

Alessandra Goltara Batista Teixeira é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões da autora, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]


Texto publicado no jornal Valor Econômico em 2 de Outubro de 2023.

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