Como lidar com receio ou ansiedade ao investir?
Luciana Araújo, CFP®, responde:
O medo e a ansiedade associados aos investimentos são reações naturais ao risco percebido. A aversão à perda, um conceito central nas finanças comportamentais, explica como a dor de perder dinheiro tende a ser psicologicamente mais intensa do que a satisfação de ganhos equivalentes. Essa aversão pode levar a comportamentos como a paralisia decisional, onde o medo impede ações ou leva a escolhas impulsivas e baseadas em emoção. Pensando nas melhores abordagens para lidar com o receio e a ansiedade em relação aos investimentos, é essencial considerar tanto os recursos externos quanto os internos que podem contribuir com uma melhor resposta emocional.
Os aspectos externos referem-se aos recursos e ferramentas disponíveis que podem fornecer o conhecimento necessário e as orientações apropriadas para tomar decisões de investimento com maior segurança. Isso inclui educação financeira e planejamento financeiro. Os aspectos internos estão relacionados às crenças e emoções que moldam as percepções e atitudes em relação ao risco e aos investimentos.
A educação financeira é a primeira linha de defesa contra a ansiedade relacionada aos investimentos. Participar de cursos, workshops ou até mesmo consultar materiais educativos sobre finanças e investimentos pode proporcionar o conhecimento necessário para entender melhor onde aplicar o dinheiro. A educação financeira não apenas aumenta a confiança, mas também reduz a sensação de incerteza que tanto alimenta a ansiedade.
O planejamento financeiro é outro aspecto externo crucial para enfrentar a incerteza e a ansiedade nos investimentos. Também é importante analisar se os investimentos estão adequados com os objetivos e valores pessoais. Se alguém tem segurança como um valor, os investimentos precisam estar alinhados a esse valor. Um plano estruturado com base em objetivos de curto, médio e longo prazo, com uma carteira devidamente diversificada e alinhada com valores, tolerância e a capacidade de correr riscos, ajuda o investidor a ter mais serenidade com os resultados da carteira em diferentes cenários.
Nos aspectos internos, o medo e a ansiedade são frequentemente respostas emocionais a pensamentos negativos sobre si, investimentos e sobre o mercado. Exemplos dessas crenças incluem “não sou capaz de tomar boas decisões financeiras” ou “os mercados são sempre imprevisíveis e perigosos”. Essas crenças podem intensificar essas emoções e nem sempre elas são verdadeiras.
Para minimizar esse impacto emocional, investir em autoconhecimento é essencial. Com o autoconhecimento, é possível identificar crenças subjacentes, entender como a própria cultura, o contexto familiar e as experiências pessoais moldam a forma como lidamos com o dinheiro, reconhecer as situações que desencadeiam pensamentos e emoções negativas, e refletir se essas reações são compatíveis com a realidade ou se são reações emocionais desencadeadas por crenças disfuncionais, respondendo assim de forma mais consciente e controlada.
Ao integrar abordagens externas e internas, o investidor pode desenvolver uma estratégia mais completa para lidar com a ansiedade e o receio relacionados aos investimentos. Essa integração é fundamental para construir uma relação mais saudável e equilibrada com o ato de investir, permitindo que a incerteza seja enfrentada com serenidade e confiança. Afinal, ao se conhecer melhor e ao entender o mercado, você não só investe com mais segurança, mas também vive com mais tranquilidade.
Luciana Araújo é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]
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