Como optar entre plano e seguro saúde?
Há similaridades e diferenças entre modalidades; observar perfil individual e familiar ajuda a escolher
Marcos JR Miranda , CFP® responde:
Não há dúvida de que as despesas com saúde (médicas, hospitalares, ambulatoriais) geralmente correspondem a uma parcela bem representativa no orçamento de boa parte das famílias ou mesmo individualmente, podendo comprometer sobremaneira as finanças.
Disso decorre a importância desse assunto ser tratado na esfera do planejamento financeiro pessoal e familiar. Para aqueles que não têm acesso a alguma modalidade de cobertura de despesas de saúde (plano de saúde privado ou seguro saúde , por exemplo), é fundamental constituir uma reserva de emergência para tal fim específico – que estaria disponível para ser acessada em momentos de necessidade para tratamentos de saúde. Mas, mesmo assim, contas hospitalares em eventos inesperados podem superar em muito qualquer reserva de emergência que tenha sido constituída.
Portanto, encarando a responsabilidade com a própria saúde e a da família, e sabendo que, infelizmente, não estaremos tão tranquilos com uma dependência total do SUS –Sistema Único de Saúde, convém organizar o orçamento mensal de tal modo que comporte os custos com um plano de saúde ou seguro saúde.
Passando-se por essa etapa e organizando-se o orçamento de modo a destinar um valor ao pagamento das mensalidades do plano ou do prêmio do seguro saúde é que pode surgir a dúvida que o(a) leitor(a) apresenta: ter um plano de saúde ou um seguro saúde – o que faz mais sentido?
A melhor forma de abordar o assunto em busca de uma resposta satisfatória é fazendo uma análise comparativa entre essas duas modalidades de cobertura de saúde.
Vamos lá, começando pelas similaridades:
· Ambas têm o mesmo objetivo/finalidade, que é fornecer assistência médico-hospitalar em um momento de necessidade sem que o beneficiário precise passar pelo inconveniente de ter de recorrer à rede pública.
· Ambas possuem carência (período em que os serviços não podem ser acessados pelo usuário), que é definida no contrato (tanto do seguro como do plano de saúde).
· Ambas costumam cobrir desde simples consultas a clínicos generalistas e médicos especialistas até internações, cirurgias e exames. Isso também é definido no contrato, tanto do plano de saúde como do seguro.
Em continuidade, seguem algumas das principais diferenças:
· A abrangência da assistência oferecida pelo plano de saúde é limitada aos profissionais e estabelecimentos conveniados à operadora do plano, enquanto no seguro saúde a escolha é livre.
· No plano de saúde, o beneficiário paga mensalmente e, a depender do contrato, pode também ter de pagar parte do custo dos serviços utilizados, embora não pague nenhum valor do serviço de forma antecipada.
· No seguro saúde, o valor do prêmio mensal também vai depender do tipo de contrato e, nesse caso, o beneficiário escolhe o profissional/estabelecimento em que deseja ser atendido, faz o pagamento do serviço e depois é reembolsado pelo seguro. A praxe é que esse valor reembolsado não corresponde a 100% dos custos incorridos com os serviços utilizados e, como não poderia ser diferente, quanto maior for o percentual assumido pela seguradora, mais elevado será o prêmio pago pelo segurado.
Enfim, evidentemente, ambas as modalidades (Plano de Saúde e Seguro Saúde) possuem vantagens e desvantagens.
Em conclusão, é possível fazer algumas considerações:
· O seguro saúde pode ser uma opção melhor para quem goza de boa saúde e costuma ir pouco ao médico, pois só incorrerá em gastos significativos caso o beneficiário precise do atendimento e, mesmo assim, parte desses custos serão reembolsados. Lembrando que o seguro saúde pode ser bem customizado (de acordo com as necessidades do beneficiário). Geralmente, o custo de manter um seguro saúde é menor do que o de manter um plano de saúde.
· Para quem vive em consultórios médicos e realiza vários exames ao longo do ano, a melhor alternativa provavelmente é mesmo o plano de saúde, principalmente porque, no caso do seguro saúde, é necessária uma reserva de emergência para antecipar os gastos/despesas médicas enquanto se apresenta a conta para o ressarcimento de parte dos gastos.
Diante desses esclarecimentos, o(a) leitor(a) deverá analisar sua situação individual/familiar para a melhor tomada de decisão no sentido do que se apresentar como mais vantajoso para sua situação concreta.
MARCOS J. R. MIRANDA é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]
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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 08 de Maio de 2023.