Meu pai faleceu e deixou uma herança que inclui três casas e R$ 1 milhão no banco. Como lidar com esse patrimônio?
Na avaliação das melhores práticas internacionais no quesito de planejamento financeiro, nos deparamos com a importância de desenhá-lo nos moldes personalíssimos e em consonância com sua realidade individual e familiar
Alexandre Britonne Simões, CFP® responde:
Na avaliação das melhores práticas internacionais no quesito de planejamento financeiro, nos deparamos com a importância de desenhá-lo nos moldes personalíssimos e em consonância com sua realidade individual e familiar.
Dito isso, é sabida a importância que um bom profissional financeiro pode agregar ao trabalho de planejamento, execução e monitoramento de sua vida patrimonial. E, nesse cenário, reforçamos os modelos de gestão de patrimônio que sejam independentes e cuja remuneração do gestor ou planejador financeiro não seja atrelada à venda de produtos, e sim à entrega das soluções, abrangendo o amplo espectro de um planejamento patrimonial.
De toda forma, é recomendado que a primeira etapa nessa jornada de planejamento seja amparada na identificação de seus objetivos financeiros e, também, de seu perfil de risco. Em relação aos objetivos, é preciso estar evidente se você está na fase de acumulação, preservação ou distribuição de seus recursos – não somente relacionados aos seus ativos financeiros, mas também aos imobiliários, como foi destacado em sua pergunta.
A identificação de seu objetivo é crucial para a definição do nível de risco a que seu patrimônio deveria (ou poderia) estar exposto. Também é importante entender seus objetivos secundários, tais como viagens, educação, filhos, automóveis, bens pessoais etc.
O segundo ponto diz respeito à sua tolerância em assumir riscos, levando em consideração tanto a sua capacidade financeira quanto a sua disposição. O resultado do casamento de seus objetivos com esse perfil resultará em uma Política de Investimento Pessoal, que é similar a um planejamento estratégico para sua vida patrimonial. Essa política deve evidenciar não somente seus objetivos de investimento e a tolerância a risco, mas também os limites e/ou restrições. Por fim, ela deverá traçar a sugestão de alocação estratégica para sua carteira, prezando pela diversificação entre classes de ativos, sendo estabelecida com base em uma estratégia otimizada para a relação risco/retorno.
A etapa seguinte, nesse processo, é a execução do planejamento, ou seja, a definição dos produtos e ativos que farão parte da sua carteira de investimentos – lembrando: sempre em consonância com seus objetivos e perfil de risco, estabelecidos no início da metodologia de planejamento. No quesito da seleção dos ativos, também entra em questão sua realidade tributária e sucessória, na medida em que há tipos de produtos e estruturas que podem ser mais eficientes do que outros, de acordo com esses pontos.
Além disso, é importante mencionar a etapa que retroalimenta o processo de investimento – e que, diferentemente do que pode aparentar, é um processo vivo e dinâmico –, chamada de monitoramento. Na definição do seu planejamento, é importante estabelecer um prazo para que a estratégia, bem como os objetivos e perfil de risco, sejam revisitados e, caso haja mudanças materiais, não somente no mercado financeiro, mas em sua própria realidade pessoal e familiar, que sejam incorporadas ao planejamento para aderência às suas necessidades.
**Alexandre Brito é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected].
**As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.
Texto publicado na Revista Época em 28 de abril de 2023.