Consultório Financeiro

Como reduzir o risco da aplicação em bolsa sem vender

Dado o atual cenário de elevada volatilidade nos mercados, de que forma um investidor poderia reduzir o risco em bolsa sem se desfazer dos papéis, possibilitando com isso minimizar o risco de oscilação dos preços de uma carteira de ações diante de um cenário marcado por grande incerteza? (FP)

Luciano Teixeira Pinheiro, CFP:

Caro leitor, o risco de qualquer ação pode ser dividido em duas partes. Existe o risco inerente a essa ação e existe o risco de mercado, que deriva das variações do próprio mercado. Os investidores podem reduzir o risco inerente à ação por meio da diversificação da carteira de títulos, mas não podem eliminar totalmente o risco de mercado.

Uma estratégia frequentemente ofertada em bancos e corretoras é o investimento em carteiras sugeridas de ações, com modelos de diversificação do capital desenvolvidos a partir do estudo de diferentes setores da economia e da análise técnica e fundamentalista das ações, incluídos diversos fatores como a relação risco-retorno, a volatilidade dos ativos, a taxa de dividendos pagos, etc.

Esse método auxilia na redução das oscilações do capital investido quando comparado ao risco envolvido se o mesmo investimento fosse feito de maneira concentrada em poucos papéis.

É prudente ressaltar que, apesar da análise criteriosa dos fundamentos de empresas e setores, mesmo as ações das melhores companhias estão sujeitas ao risco de mercado. Em momentos de crise, não é incomum assistirmos investidores vendendo massivamente todos seus ativos e ignorando, por completo, os fundamentos que basearam suas decisões de compra. Esse é um dos exemplos do fenômeno que, em finanças comportamentais, chamamos de ‘racionalidade limitada’.

Ainda assim, como os cenários de alta volatilidade podem apresentar boas oportunidades no curto prazo, outra estratégia que pode auxiliar o investidor a gerenciar o risco de oscilação dos preços é realizar operações de hedge (proteção) por meio do mercado de opções.

As opções são instrumentos derivativos que dão ao seu detentor o direito de comprar ou vender determinada quantidade de um ativo (no caso, as ações), a preço e prazo pré-estabelecidos.

Por exemplo: suponha que a volatilidade da atual conjuntura possa se converter em uma tendência de baixa dos mercados financeiros nos próximos meses, e, mesmo acreditando nesse cenário, você não deseje se desfazer da sua posição, mas sim, protegê-la.

Neste caso, você poderá comprar uma opção de venda e pagar um prêmio para ter o direito de vender, ao lançador da opção, seus ativos a preço e data determinados. Essa decisão será baseada na expectativa de que, no vencimento da opção, a cotação da ação na bolsa esteja menor.

Do contrário, no caso de as ações estarem sendo vendidas no mercado na data de vencimento da opção a um preço superior ao pactuado, você optará por vendê-las na própria bolsa. Em ambas as hipóteses, o prêmio da opção será o custo pago pela proteção do preço.

Vale destacar, por fim, que a utilização de instrumentos derivativos com o objetivo de proteção ou especulação exige muito conhecimento prévio e contempla riscos em maior grau do que os investimentos no mercado à vista, em razão, sobretudo, da natureza desse mercado e das maiores expectativas de retorno envolvidas – sendo aconselhável, em qualquer estratégia de investimento, contar sempre com o suporte e a consultoria de um profissional especializado.

Luciano Teixeira Pinheiro é Planejador Financeiro Pessoal e possui a Certificação CFP (Certified Financial Planner) concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para : [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 12 de dezembro de 2011.

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