Devo investir R$ 200 mil em um fundo de renda fixa simples?
Eliane Tanabe, CFP®, responde:
Aos ouvidos de um investidor conservador e iniciante, pode soar muito atraente! A simplicidade começa no nome “RF Simples”, aliado ao baixíssimo risco, com remuneração muito aderente à oscilação das taxas de juros dos Certificados de Depósito Interfinanceiro (DI).
Apesar de existir uma classificação de fundos denominada “Fundo Simples”, entendo que a referência do consulente pode ser para o adjetivo “simples” em relação aos fundos de renda fixa.
Mas o universo de fundos de renda fixa não se limita à essa classe. Você pode investir em fundos com estratégias mais “ativas”, que buscam superar as taxas de juros DI. Fundos feitos para acompanhar rentabilidades de papéis – certificados, letras, notas – mais longos, cujas ofertas de juros são diferenciadas e oscilam com mais intensidade, uma vez que são marcadas a mercado, ou seja, ao preço que o mercado é disposto a pagar, no dia, pelos papéis. Seu risco de mercado são as tais durations dos papéis, especialmente os também prefixados.
Outro tipo comum, são fundos que buscam retornos diferenciados comprando papéis com maior risco de crédito privado, que oferecem maiores retornos por pulverizar os recursos nesse tipo de papel de emissão de instituições privadas.
São fundos de certa forma muito acessíveis que permitem aplicações com valores iniciais em torno de R$ 50,00, mas por esse motivo alguns podem cobrar taxas de administração mais elevadas. Com os atuais níveis de taxa de juros no Brasil, fundos com altos custos, somados ao imposto de renda que é descontado semestralmente ou no resgate sobre os rendimentos, podem comprometer a boa evolução do seu patrimônio financeiro.
O volume de R$ 200.000,00 já admite a montagem de uma carteira diversificada, que recomendo direcionar uma parcela para aplicações conservadoras, com liquidez diária que irão suportar a importante reserva de emergência. E com o valor restante o ideal é buscar outros produtos que visam obter maiores retornos.
A instituição que você escolher para administrar seus recursos, primeiramente, verificará em qual perfil de investidor você se enquadra e, além disso, entenderá seu contexto de vida e como esse montante deve ser distribuído entre as classes de ativos e produtos disponíveis.
Aqui, é preciso um olhar minucioso da vida! Fundos de investimentos podem requerem tempo de retorno, prazos de carência, estratégia tributária, etc.
Verifique qual foi o comportamento do gestor, principalmente nos momentos de crise, qual taxa de administração é cobrada, se possui ou não cobrança da taxa de performance, qual o patrimônio líquido e data da criação do fundo.
Fique atento ao cenário econômico brasileiro e no exterior, afinal somos impactados por esses fatores! Acompanhe indicadores econômicos e monitore seus investimentos periodicamente.
Como é possível constatar, há uma diversidade em fundos renda fixa mais sofisticados em sua gestão. Mas é possível ir além! Uma boa e saudável diversificação é possível, pois existe acesso a uma gama de produtos interessantes, sobretudo fundos de outras classes e, também, outros ativos financeiros como compra direta no tesouro, compra de certificados e letras emitidas diretamente pelas instituições financeiras, debêntures emitidas pelas empresas e por aí vai.
Conte com um planejador financeiro pessoal certificado e tome decisões conscientes.
Eliane Tanabe é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. Email: [email protected]
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Texto publicado no site Exame em 17 de novembro de 2019.