Seu Planejamento Financeiro

Fui demitida e recebi a rescisão. Onde posso investir?

Quero ter uma renda recorrente. Por onde devo seguir?

Rafael Nogueira Pires, CFP®, responde:

Antes de começarmos a escolha de investimentos é importante desenharmos a sua situação financeira atual em consonância com sua estrutura familiar. É importante ter aptidão para controlar o fluxo financeiro (controle de receitas e despesas) e estipular metas para otimização de seus recursos, pois investimento sem controle se torna ineficaz. Para tornar seu plano factível é necessário criar um orçamento pessoal, instrumento que facilitará a conquista dos seus objetivos. Somente depois desta etapa concluída podemos pensar em objetivos e estratégias de investimentos. Vamos responder sua pergunta em duas etapas: controle financeiro e estratégia de investimentos.

A primeira etapa consiste na criação do orçamento pessoal separando todas as suas receitas e despesas fixas e variáveis. Entende-se por despesas fixas aquelas que, independente de possuir renda, precisam ser saldadas, como por exemplo: aluguel, condomínio, luz, empréstimos, entre outras dívidas. Coloque-as mês a mês projetando suas obrigações futuras. Reveja a possibilidade de redução das despesas variáveis.

A organização de receitas e despesas lhe trará o resultado financeiro líquido, ou seja, aquilo que sobrará para livre utilização após o pagamento de todas suas obrigações. Esse simples diagnóstico financeiro lhe trará uma visão mais clara da duração de sua verba rescisória durante seu período de recolocação e, também, da necessidade de enxugar ainda mais seu orçamento caso apareçam imprevistos.

Concluído o diagnóstico, é preciso definir o seu perfil de risco através de um questionário com possíveis cenários que poderão ocorrer ao longo do seu período de investimento. O resultado informará se o perfil é conservador, moderado ou agressivo.

Caso seu perfil seja conservador, mantenha a maior parte do seu portfólio alocado em produtos de renda fixa como: títulos públicos, fundos de renda fixa DI ou referenciados com baixa taxa de administração (até 0,4%) que tenham como característica alta capacidade de liquidez, ou seja, a facilidade de transformar, mais rapidamente, seu investimento em dinheiro disponível para suprir emergências que possam aparecer. O resultado provável deste portfólio será mais disponibilidade de recursos e menos rentabilidade recorrente dado que o objetivo foi priorizar a necessidade de capital.

Se moderado, mantenha a metade em renda fixa e outra em produtos de investimentos como fundos de multimercado, de mesmo perfil de risco, que exigem um prazo maior de resgate como, por exemplo, de 30 dias. Como parte dos investimentos não ficam totalmente disponíveis, é de se esperar uma rentabilidade recorrente maior que a opção anterior, no longo prazo.

Agora se o resultado for agressivo, você precisa checar seu diagnóstico financeiro e verificar se poderá investir a maior parte da sua rescisão em produtos que apresentem maior volatilidade (variação de preços) e com prazos de resgates maiores dificultando a conversão rápida do seu investimento em dinheiro. Ter o perfil agressivo não significa, necessariamente, acatá-lo independente da sua situação financeira. Portanto, neste caso, é recomendável rever essa estratégia.

Para ampliar seu poder de decisão, recomendo a leitura do material de divulgação dos produtos de investimentos. Lá você encontrará informações sobre: performance histórica, risco, composição da carteira e os custos envolvidos como taxa de administração e de performance cobrados.

Vale ressaltar que, em qualquer situação, a rentabilidade auferida deve superar a inflação oficial do país registrado pelo IPCA. Assim, você manterá seu poder de compra no longo prazo.

Tenha em mente a criação de uma reserva de emergência que lhe auxiliará em momentos difíceis como este pois, de fato, imprevistos sempre ocorrerão e quanto mais protegidos estivermos mais serenidade teremos para enfrentá-los.

Para finalizar, é importante lembrar que tudo que foi relatado tem uma visão macro para atender um questionamento que, muitas vezes, envolvem outros fatores que um planejador financeiro certificado proverá de maneira holística uma consultoria especializada, contemplando fatores qualitativos e quantitativos. As pessoas são diferentes em suas aspirações, e por essa razão não existe uma estratégia única para todos, mas sim uma melhor estratégia para cada pessoa.  

Rafael Nogueira Pires é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações

Texto publicado no site Época Negócios em 17 de dezembro de 2019.

0